sábado, 29 de outubro de 2011

Esse cachorrinho é o criminoso confesso que atirou o pau no gato

Entrevista completamente sem pé nem cabeça

Zé Rural e eu, em uma entrevista nonsense. Que besteirada, mas bom pra dar risada.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Tudo, menos parar de rir.



Há um ditado que diz que rir de tudo é desespero. Aliás, esse adágio está numa música do Frejat. Falam por aí que só os humanos riem, mas desconfio que minha cachorra ri de vez em quando.

O formato da cara dos golfinhos denuncia um sorriso que os biólogos afirmam não existir, mas teimo em achar que é real, deduzindo o jeito como interagem, inclusive conosco.

Nem vou falar de uivos, gorjeios, grunhidos e ronronares, porque logo aparecerá um explicando que são provocados por fome, necessidade de acasalamento, frio, medo, tudo, menos felicidade.

Nós, humanos, somos metidos à besta, sem trocadilho. Achamos que Deus nos fez à Sua imagem, que Deus fala através de nossas palavras escritas em papiros, que Deus se ofende com nossas coisas e que Deus só permitiu o riso a nós.

Se um dia me pegarem fuxicando num formigueiro com um estetoscópio, não me internem; provavelmente estarei tentando ouvir a risada de milhares de formigas. E como deve ser divertido.

Entendo a letra do Frejat. Rir sem parar é insanidade. Os casos de desvio de nosso dinheiro não têm a menor graça. Os crimes que se repetem, impunemente, tampouco.

No entanto, continuamos respirando. É nesse sentido que defendo que rir é tão fundamental quanto respirar e nada tem a ver com falta de seriedade. A cara séria de todos os ministros defenestrados pela Presidente nos mostra como atitudes nada sérias podem ser estampadas em caras sisudas.

Rir é uma atividade fisiológica despertada pela sensação instantânea de prazer, de felicidade, de graça, do inusitado e de tudo o que nos remete à infância, à molecagem sadia, à bobeira adolescente. Rir libera endorfina e relaxa.

Uma gargalhada demorada acalma que é um absurdo. Rir até cansa, dizem alguns. Não é cansaço, é um relaxamento que melhora todas as funções orgânicas e nos devolve o sono roubado pelas aflições.

Isso é tão verdade que o mercado de humor anda de vento em popa. Quantos pagam para dar algumas risadas, nem que seja da desgraça e dos defeitos alheios? O humor negro é um sinal de que algo não vai bem, pois não faz muito sentido rir da miséria de outrem.

Quando pequeno, por volta dos dez anos, fiz amizade com uma trupe de circo. Todo o aparato mambembe cabia em um velho e pequeno caminhão, dirigido pelo dono. Na boleia ia a esposa e atrás, numa cabine de lona, seguiam os dois jovens filhos. Nada de bichos. A trupe só visitava pequenas cidades de três a cinco mil habitantes, provavelmente porque ali estava o público mais carente de novidades, onde a televisão não chegava muito bem (lá, na cidade a qual me refiro, era péssima, naqueles anos setenta).

A família-trupe erguia sua lona nos arredores e foi numa dessas cidades que pude vê-los montar e desmontar o "espetáculo", almoçar com eles, vê-los à paisana.

À noite, custava-me acreditar que o casal em cena, rosto branco de tanta maquiagem, sob luzes montadas em velhos tripés, era o mesmo que martelava arquibancadas, fazia o almoço, lavava as roupas e as louças. A voz de ambos era forte, estridente, límpida. O ritmo e a marcação de cena, impecáveis. As anedotas engraçadas e inocentes.

O texto, limpo feito água, narrava a rotina de um casal atrapalhado do interior, bem estereotipado. Era disso que a gente gostava. E o povo ria daquelas simplicidades, daqueles trocadilhos que se insinuavam maliciosos, mas passavam longe de qualquer maldade. Eu absorvia cada palavra, cada tirada, cada entrada e saída de cena, hipnotizado.

Depois do humor, a filha do casal, vestida de índia, se apresentava. Vinha toda maquiada para cantar sobre cacos de vidro e brasas acesas, para espanto de todos (até hoje não sei se aquilo era mesmo real). Meus olhos não conseguiam se desprender daquela imagem de moça morena, cabelos pretos, longos, que depois me lembrariam os de Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel de José de Alencar.

O filho do casal, um jovem alto e magro que emprestava seu nome ao circo, não carregava o talento cênico dos pais, mas cumpria da melhor forma que podia seu papel, fazendo algumas mágicas interessantes e engolindo fogo.

Todos ali eram atores, palhaços, malabaristas, engolidores de fogo, mágicos, caminhantes sobre vidro, cozinheiros, motoristas, lavadeiros, passadeiros, brasileiros, sofredores e... engraçados.

Riam o dia todo trabalhando para o espetáculo. À noite faziam rir a pequena plateia de, quem sabe, vinte ou trinta por sessão, a cinco cruzeiros o ingresso. A preço de hoje, uns dois reais.  Eu, lógico, amigo deles, entrava de graça e isso me dava um orgulho lascado. Assistia o espetáculo diversas vezes, para rir das mesmas coisas, tudo igualzinho, sem tirar nem por. Para compensar, ajudava na divulgação.

Hoje, quarenta anos e muitos espetáculos diferentes depois, continuo me lembrando da missão daquela família simples, humilde, talentosa e sorridente, que vivia rindo e fazendo os outros rirem, levando alegria genuína àquelas paragens onde só a simplicidade existia.

Ali tudo era singelo: a comida, a bebida, o futebol, a religião, a política, os romances, a rotina, a linguagem, a dor e o sofrer. Mas lá estava, no meio de tudo, o rir e o fazer rir. Uma necessidade tão velha e simples como comer e dormir.

Toca um saxofone...

Meu amigo Zé Rural, ou Tarcísio Santos, sei lá, resolveu comprar um saxofone. Nunca cantou nada e de música só conhece o Hino Nacional porque as pessoas ficam de pé na hora em que é executado. Mesmo assim, resolveu comprar por uma grana importante um saxofone para aprender música. Logo um saxofone, instrumento complexo, que para ser utilizado precisa de um belo acompanhamento ou então, em solo isolado, exige de seu executor uma perícia digna de Kenny G. ou Leo Gandelman.

Mesmo assim, essa criatura se arrisca a aprender e nos mostra, nesse vídeo, o que já sabe. Na linha do fazer rir de forma despretensiosa, o que consegui com esse vídeo foi dar muita risada e fazer meus amigos rirem também. É uma bobeira inocente, divertida.

Dois caras aos cinquenta anos, pais de família, morando há 550 km um do outro, amigos há 33 anos, que quando se encontram parecem dois adolescentes da década de 70, com uma intensa camada de humor sem pretensão a não ser fazer rir um pouco.

Não é necessário muito pra fazer rir

Ás vezes uma bobagem, uma coisa simples, até ingênua, pode fazer a gente rir. Quem não gosta de rir sem saber por que está dando risada? É assim, de um jeito aparentemente bobo, que gosto de rir e fazer rir. Não precisa ser muito culto, nem muito estudado, para rir. Rir é um direito de todos e torná-lo universal e sem excentricidades é uma de minhas bandeiras. Aí está o Tarcísio Santos, dono do personagem Zé Rural, que vai ao ar todo dia na FM Sucesso de Barbacena, 101,7 e no site da rádio http://www.radiosucesso.com.br/ . Ele também pode ser lido no seu blog, http://www.bomdiaze.blogspot.com/ . Por algum tempo, atuou com o Nerso da Capitinga no Zorra Total, na TV Globo. É um palhaço mesmo. Convivo com ele e sua família há mais de 30 anos e sempre provocamos muita risada em nossos amigos. Resolvi compartilhar.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Texto que recebi por EMAIL... Excelente. Não é de minha autoria.



DESABAFO

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora bem idosa que ela deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são adequados para o meio ambiente, pois isso é a onda verde de nosso tempo.

A senhora pediu desculpas e disse que não havia essa onda verde no tempo dela, mas que sempre usou as famosas "sacas" de papelão ou de plástico durável. Parou porque os mercados passaram a oferecer sacolinhas e as "sacas" sumiram. E não quis mais (como diz a minha neta?) pagar "mico".

O empregado respondeu: "Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com  nosso meio ambiente e agora temos de racionar tudo."

- Hum, acho que isso veio um pouquinho depois da minha geração, mas que bom, você me acha mais nova... de qualquer jeito,  acho que você está certo, nossa geração não se preocupou com o meio ambiente. Na minha época, as garrafas de leite, refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja, que as mandavam de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas umas tantas outras vezes."

"Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos escadas porque não havia tantas escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar um carro toda vez que precisássemos andar dois quarteirões.

Realmente, você está certo... nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não existiam fraldas descartáveis. A secagem das roupas era feita por nós mesmos, não por estas máquinas bamboleantes barulhentas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos e não roupas sempre novas, de grife.

É verdade...não havia preocupação com o meio ambiente naqueles dias. A gente só tinha, quando muito, uma TV e um rádio em casa e não uma TV em cada quarto e uma montoeira de aparelhos. E a TV tinha uma tela do tamanho de uma janelinha, não do tamanho de um estádio. Aliás, como será descartado?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não existiam tantas máquinas elétricas que hoje fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado como proteção, não esse plástico bolha que dura anos novinho.

Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina para cortar grama. Usávamos um cortador de grama que exigia força da gente mesmo. O exercício era muito bom e não precisávamos ir a uma academia para usar esteiras que também funcionam com eletricidade.

Não havia mesmo naquela época preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da bica quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que vocês dizem que estão lotando os mares. E as canetas? As recarregávamos com tinta umas tantas vezes antes de comprar outra. Usávamos navalhas ao invés de jogar fora os aparelhos só porque a lâmina ficou sem corte. Que coisa, que mania de economia.

Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou o ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos desse tal de GPS para receber informação de uma coisa lá em cima, longe, no espaço, para encontrar a pizzaria aqui do lado de casa.
Vocês, das últimas gerações, não abrem mais mão desses confortos, tá certo, mas gostam de falar que fomos nós, os mais velhos, que estragamos tudo. Sei não. Esses futurismos vieram depois do meu tempo. Na minha época, tudo era mais romântico. Não me culpe, meu filho, por essas coisas não. "Me deixa" viver o restinho de vida que eu tenho em paz, para que eu possa morrer seu carregar comigo esse peso".