quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Coisas que fazem a cara da gente esquentar



Essa figura aí é do AMIGO DA ONÇA, famoso personagem criado pelo pernambucano Péricles e que teve sua primeira tirinha publicada em 1943 na extinta revista O CRUZEIRO.

Personagem engraçado, colocava seus amigos em roubadas dignas de verbete de enciclopédia. Pois é nesse sujeito que penso quando assisto a atuação de muitos dos amigos do atual governo. Eles veem se esforçando para copiar a criação do Péricles, mas, infelizmente, não conseguem obter a mínima graça. Aliás, a coisa está mais para tragédia.

O tal ministro do trabalho, com a cara mais esquisita e sem graça do mundo, tenta mostrar ao Brasil que é inocente, que não voou em avião particular algum, nem que tem qualquer relação (que depois disse ser pessoal) com o empresário dono da ONG que licitou de formas estranhas junto a seu ministério.

Dia 10 de novembro ele falou coisas com convicção e força, fez caretas, bravateou à vontade, se disse  pesadão, vulnerável apenas à bala e bala de calibre pesado. Disse que o partido pagou a viagem e o partido negou.

Tomou alguns pitos e apareceu pública e pateticamente pedindo desculpas à presidente, dizendo que a amava.

Tomou mais alguns pitos e voltou, convocado,ao Senado para esclarecimentos. Estampou, agora, uma cara de pena aos Senadores, fez menos caretas e disse ter se enganado aqui e ali.  O Senador Alvaro Dias sugeriu que pedisse perdão ao povo por ter mentido. Saia justa.

Que festival patético. Que sequência de coisas inacreditáveis. E, pela primeira vez, que falta de auto-estima, para não dizer o mínimo.

Outros ministros, demitidos, provavelmente serão processados por improbidade administrativa, o que deverá também ocorrer com esse Lupi. Só que esse é o primeiro que demonstra um apego tão ferrenho à sua pasta. Parece desesperado por não perder o emprego! Pelo menos é esta a impressão que causa nesse escriba.

O do esporte se disse invencível e despencou depressinha. Esse se disse "pesadão" e talvez demore mais um pouquinho para cair, até porque um "pesadão" quando cai abala estruturas. E o pior: a pasta é do partido dele, do PDT. E ele é o presidente afastado do partido. Belo enrosco essa "base aliada da governabilidade" está provocando.

Não tenho absolutamente nada contra nem a favor de partido algum, até porque, na juventude filiei-me ao PSB e nem sei se ainda estou nele, nunca exerci nada eleitoreiro na vida, preferindo enveredar-me por caminhos bem distantes de política partidária.

Só que, diante de tantos fatos, estampados e notórios, de desvio, improbidade e falta de senso público, vejo alguns virem a público dizer que tudo é uma sórdida campanha ou da grande imprensa ou das elites ou sei lá de qual fantasma, para desmoralizar uma tal era. Estranho isso. Se a imprensa fala, é golpista. Se não fala, é conivente.

Desculpem-me, mas com amigos desse jeito, do porte desses ministros que caem um a um, o Governo da tal era não precisa, mesmo, de inimigos, nem na grande, nem na pequena imprensa, nem em lugar algum.

Um comentário:

  1. É a esquizofrenia do poder. Se pensarmos bem, veremos que desde a criação da "república", o nosso cenário político não é um dos melhores. Se juntarmos todas as peças, o resultado mostrará que a grande tragédia desta história foi alimentada pela hipocrisia humana. Falsos líderes sindicalistas, falsos estudantes de esquerda (que não leram Marx), falsa elite cultural e econômica... Tudo falso. Até a realidade é um simulacro. Fomos enganados. Precisamos acordar.

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