APRESENTE-SE BEM


Há quem diga que faço boas apresentações.

Deve ser porque trabalho fazendo isto desde 16 anos. Sempre fiz apresentações de todos os tipos: engraçadas, emotivas, técnicas, em cursos, palestras, programas de rádio, vídeos.

Aprendi a montar a dar aulas, entregar treinamentos e, acima de tudo, manter as pessoas atentas ao que falo, ensinando divertindo e divertindo ensinando. Sou treinador, mas antes de tudo, apresentador. Só que aprendo todo dia a ser um comunicador.

É, porque para ser comunicador é preciso escutar muito bem e isso é a parte mais difícil.

Divirto-me com isso.

Siga-me, pois vou dar algumas dicas de apresentação, técnicas aprendidas com a vida e em numerosos cursos que andei fazendo. Alguns macetes do bem.

Não que eu seja melhor que ninguém, mas faço isso há tanto tempo que seria estupidez não fazer direito e não querer ensinar aos que precisam. Afinal, apresentar-se direitinho faz diferença... para mim, fez toda a minha vida profissional.

Os mestres das técnicas de apresentação, como Polito, Dan Carnegie, Passadori, Samuel Borges, Suarez Abreu, Eládio Gonzales... todos esses ando estudando com afinco.

Claro que tinha de aprender algo.

E é claro que posso ensinar.

ALGUNS TOQUES BÁSICOS

- Todo mundo, ou quase, morre de medo de se levantar e falar para poucas pessoas que sejam. Isso não é defeito, é sinal de responsabilidade.

- Antes de qualquer dica mais técnica, aqui vai a primordial: domine o tema, estude a coisa, pergunte a quem sabe, leia, faça seus apontamentos e monte um roteirinho. Fique algumas horas ensaiando com ele, falando sozinho e depois, fale para alguém que possa lhe dizer sinceramente se, ao menos, entendeu alguma coisa ou não teve sono. Isso se você tiver um tempinho para se preparar. Se a coisa é um improviso, com certeza será para algum depoimento sobre um tema que você conhece bem. Daí é seguir com algumas dicas que vão abaixo e que ajudam para essa e outras situações.

- Power points e outras coisas eletrônicas não podem ser o espetáculo. Isso é apoio. Deve ser bem usado, economicamente, com pouco texto e com figuras bonitas e poucas, que remetam o espectador a pensamentos abstratos. As animações devem ser discretas e oportunas e o texto em frases curtas que lhe sirvam de guia. Parafernálias ruidosas e animações exageradas mostram que você aprendeu a mexer com power point, mais nada. A vez é sua, não passe a bola de graça para o Bill Gates. Ele já apareceu demais. E cobrou caro.

- Antes de começar a falar, RESPIRE muitas vezes, profundamente, num canto qualquer longe da plateia. Com o tempo isso vira hábito. Respiração de cachorro antes de falar é falha de oxigenação cerebral na certa, insuficiente para lhe causar um AVC, graças a Deus, mas eficaz para provocar "brancos" a la Dercy Gonçalves.

- Tenha um copo de água na temperatura ambiente ao lado e vá molhando a garganta. Adrenalina seca tudo e sem água, o risco de engasgo, falha na voz e pigarro existe sim. Aliás, se é fumante, fique algumas horas sem acender o danado antes de subir ao palco. Melhor: não o acenda mais.

-Parece simples, mas não é. A gente se esquece dessas coisas básicas quando é chamado a ir "lá na frente" falar por alguns minutos que sejam.

- ih... Tem muito mais coisa... Com o tempo, vou aprofundando em outros aspectos, mas antes, vou de basicão, pois sem ele o que virá depois será visto como difícil. Não é simples falar bem em público, mas por isso mesmo quem consegue faz uma falta...

- Depois falo sobre os braços, a roupa, a voz, a organização do tema, o tempo, o controle da platéia, a seqüência, os motivadores iniciais' a conclusão...

- Antes de começar a falar, diga de cara qual é o tema, quanto tempo vai gastar e onde quer chegar. Aprendi isso uma vez e aplico sempre essa dica, porque funciona.

- Seus braços não estão maiores não, apenas você os percebeu, agora que subiu ao palco. Segure um microfone, apoie-se num púlpito, se houver, ou coloque as mãos uma sobre a outra e inicie logo o que tem a dizer, gesticulando normalmente, sem regras.

- Se você é do estilo italiano, tudo bem, gesticule à vontade, desde que seus gestos tenham coerência com o que você está falando. O problema dos braços enormes desaparece logo que você começa a falar. Acredite.

- Cheque sua vestimenta antes, não exagere. Se o evento é formal, vista-se exatamente como os convidados, nem mais nem menos. Não fica bem, numa palestra para funcionários de uma empresa de transportes, ao meio-dia, aparecer de fraque, como não fica bem, numa palestra para os mesmos funcionários, numa noite de premiação em que foram convidados a ir de terno, aparecer de jeans "só para me igualar". Preste atenção.

- Deixe celulares desligadíssimos, apague luzinhas piscantes de chaveiros, esqueça balangandãs como brincos enormes, braceletes imensos, coisas que distraem como maquiagem pesada, perfumes fortes, decotes generosos e calças apertadas que realçam curvas e morros, deixe essas coisas para outros lugares, pois no palco só servem para desviar a atenção.

- Se sua apresentação tem uma hora, faça-a em 50 minutos e por aí vai. Já está provado que as pessoas não suportam ficar sentadas ouvindo um palestrante, por melhor que ele seja, por mais de uma hora e meia. Faça intervalos. E nunca fale mais do que o tempo prometido. Menos pode. E deve.

- Antes de tudo, se o evento é seu, informe às pessoas quais serão os horários de intervalo, para que possam administrar suas respectivas bexigas. E indique onde ficam os toaletes. E como quer que sejam formuladas as perguntas, se durante ou no final.

- Em cursos, seminários e outros treinamentos que exigem concentração, lembre-se que o que funciona é barriga cheia e bexiga vazia. E caras acesas, sem persianas arriadas. Fique atento às reações como cochilos, bocejos, excesso de conversa paralela e olhares ansiosos para o relógio.

- Após almoços e refeições um pouco mais pesadas, lembre-se que o parassimpático vai atuar no processo digestivo e o nervo vago estará a toda, provocando uma moleza generalizada. Procure utilizar a primeira hora pós-refeição para dinâmicas que movimentem o pessoal. Elabore algumas, existem livros sobre isso. Evite slides e salinha à meia-luz nessa hora, pois é sono generalizado na certa.

- Ao final de sua fala, deixe claro o que as pessoas deverão fazer ou ter aprendido com esses instantes que gastaram lhe ouvindo. Um resumo do que foi dito na forma de uma retomada global das informações, sempre caem bem.

- Lembre-se de falar pausadamente, repetindo algum item um pouco mais complexo. Isso ajuda todo mundo. O sujeito inteligentíssimo da primeira fila não se importará se você voltar ao tema usando outras palavras, metáforas e analogias. Isso é melhor do que deixar a maioria, de inteligência normal como a sua, boiando. E se o gênio ficar bravo, será ele contra todos.

- Cuidado com piadinhas, de bom ou de mau-gosto. A piada, a brincadeira, a ironia, essas coisas, caem bem quando você tem experiência nisso. Se você faz o tipo mais sério ou é tímido, não force a barra para ser engraçado porque, via de regra, dá errado. A graça e a presença de espírito são coisas naturais e, afinal, só servem para colocar uma cerejinha no bolo. Melhor um bolo bem feito sem cereja do que uma cereja fincada em cima de um bolo de barro. As pessoas estão ali para ouvir o seu tema. Se algo engraçado cai bem entre as frases, ok, mas teste antes, em casa.

- já vi excelentes apresentadores causarem sono. Isso não é legal. Ao exagerarem na postura acabam tão formais e afetados que desagradam. Nada como o meio-termo. Um leve sorriso, um caminhar simpático e um olhar bem distribuído entre ss pessoas, com alternância no tom de voz, gestos coerentes e frases curtas, administrando pausas, são coisas que ajudam.

- Se você tem o hábito de usar muletas como: eeee...uhhhh... na verdade... saiba que isso perturba muito. Evite. Leia muito. Enriquecer o vocabulário permite criação de frases de ligação que substituem essas chatices. Há quem diga que esse excesso de ohhhh, annssss e unhsss pode passar ideia de superioridade, do tipo: "eu estou aqui na frente e sou o bom... vocês que suportem meus tiques"... Tenha paciência, não é isso que você quer passar.

- Ficar parado ou andar de um lado para o outro? Bom senso. Num discurso de até dez minutos, o ideal é não ficar pra lá e pra cá como um boneco de posto. Já numa fala mais prolongada, movimentar-se um pouco faz as pessoas mexerem suas cabeças o que ajuda a oxigenar um pouco seus cérebros e evitar que durmam ou se enfadem.





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