Synopse
As minhas histórias são diferentes das dos outros por um motivo: só escrevo quando estou muito alegre ou muito triste ou muito saudoso. Ainda não sou aquele profissional que consegue escrever sem esforço... pra mim, tem de ser carregado na tinta. Gosto de fazer rir e às vezes, refletir.
segunda-feira, 31 de março de 2014
FALAR EM PÚBLICO PODE SER MOLE
Toda vez que vamos falar em público, seja lá em que situação for, sentimos dor de barriga.
Quando é assunto informal, ainda vai. No entanto, quando se trata de informar, explicar, ensinar, treinar, convencer, vender e arrastar pessoas a pensar ou fazer, aí a coisa complica. Via de regra.
Todo mundo sabe que conhecer o tema é fundamental. Todo mundo sabe que é imperioso respirar, controlar a ansiedade, beber água durante, organizar ideias antes, pensar nas mais malucas perguntas enquanto monta a apresentação, treinar em voz alta, aquecer a voz antes de começar e afastar os pensamentos negativos. Uns até tomam um propranolol ou um calmantezinho (não recomendo até que seja prescrito por um médico, hein?).
São tantas as dicas que é impossível segui-las, ainda mais quando nem tanto tempo temos para nos jogarmos à frente de um grupo.
Aí entra um macete, anterior à qualquer apresentação.
Tem a ver com eudaimonia. Sim, felicidade plena.
Tem a ver com entusiasmo. Sim, Deus dentro.
Antes de nos jogarmos aos leões, a questão sobre como fazer isto da melhor maneira deve ser respondida com uma pergunta.
Aliás, perguntar é a única coisa que faz a gente ir para frente. Só há respostas quando temos perguntas. Preferencialmente bem feitas, senão as respostas serão umas porcarias.
Plateias, de modo geral, são doidinhas por respostas. As pessoas querem aprender e por isto estão ali, esperando. Via de regra de novo. Ou quase um “só que não”.
Uma boa dica é inverter: comece perguntando, investigando, veja o que as pessoas querem saber, onde querem chegar, o que estão fazendo ali. Estimule-as a pensar.
Ah, mas não se iluda, o silêncio normalmente é atordoante. Como disse, ninguém gosta de se sentir incomodado com perguntas. Mas todo mundo, ali sentadinho, adora perguntar mil coisas ao pobre infeliz lá no palco. Ou ficar pensando coisas sobre ele.
Voltando à pergunta que você deve se fazer antes de ficar preocupado com técnicas de apresentação (antes que eu me perca em outro assunto aqui): dentro do tema que me pediram para falar há alguma coisa que me seduz?
Afinal, quando a gente faz o que tem prazer em fazer, nada é difícil. O maior problema é que fazemos muitas coisas que não temos lá muita vontade de continuar fazendo, mas seguimos por causa do bom salário, do chefe legal, da empresa que paga em dia, do sustento mais seguro da família, da carreira promissora que poderá me levar aos píncaros da glória e outros milhões de motivadores que não são bem a essência de nossos talentos mais genuínos e de nossos sonhos de criança.
O maior motivador de todos é o prazer. Ele nos tira até a fome, o sono e qualquer outra necessidade. Até nos esquecemos de ir ao banheiro quando fazemos algo por prazer. Ele joga a gente em um instante mágico chamado eudaimônico, que aprendi com o prof. Clóvis Filho.
Sim, aquele instante é tão bom e tão orgasmático que vinte horas ficam parecendo vinte minutos.
A questão é esta: vou falar alguma coisa que, no todo ou em parte, me causa prazer desmedido? Se sim, nenhuma técnica vai lhe ensinar nada. Você vai subir no palco e arrasar.
Não há treinamento vocal, respiração, postura corporal e controle de tempo que substituam o brilho nos olhos, a força que impulsiona mil palavras, a sequência de ideias, exemplos, metáforas e gestos que se seguirão quando estiver falando de algo que preencha seu ser. Que poético. Mas é verdade.
Mas será que é possível? A vida não é bem assim.
Será que vamos ter oportunidade de falar somente daquilo que nos apaixona? Sinto dizer que não. Por isto, técnicas podem lhe fazer sair melhor que a média. Preparo prévio e moldura nos pensamentos ajudam.
Só que não ajudam a aquecer corações. Fazem com que você seja melhor entendido e aceito. Já é alguma coisa.
Enquanto isto, enquanto ainda vive de algo que ainda não lhe faz explodir de alegria, procure ir pensando nisto.
Algumas pessoas que conheço, bem sucedidas financeira e profissionalmente e, acima de tudo, felizes, podem não estar fazendo durante o dia aquilo que mais amam guardam esse segredo a sete chaves, você sabe como é o mundo corporativo), mas fazem do que fazem um patrocínio para o que amam fazer nas horas vagas. Assim vão aprendendo a amar aos pedaços tudo aquilo que escolheram fazer. Tem a palavra escolha nisto aí. As pessoas mais felizes escolhem com o coração. As mais ou menos felizes ainda o colocam no meio de tanta razão. E as outras, bem, as outras...
Algumas pessoas aproveitam e até buscam oportunidades que se encaixam em alguns de seus talentos e vocações. Essas pessoas não vivem eudaimonicamente cada minuto. Cá para nós, no mundo de hoje, isto é para poucos. Mas têm seus momentos e isto lhes abastece.
Então, qual é o segredo delas?
Acredito que buscam identificar, dentro das funções que exercem no cargo, as atividades que lhes permitem momentos orgasmáticos. Todo mundo precisa disto. Senão não conseguiriam liderar, pois cargos muito elevados não são exatamente plenos de coisas lindas e eudamônicas. E cargos menos glamourosos poderiam ser bastante tristes se o motivador dessas pessoas fosse poder. No entanto, felizes que são, lideram pra todo lado.
Conheço pessoas muito felizes, obrigado, que não ocupam cargos elevados, mas são plenas em seu dia, gostam de vários aspectos de sua rotina.
Em ambos os casos, aprenderam a encontrar a cor e os matizes do prazer em mil coisas diferentes em que seus talentos e sonhos se encaixam.
Conheci pessoas financeiramente recompensadas, chefões poderosos, assim como outras ocupando cargos simples, que exalam... tristeza e depressão.
Estas coisas não têm a ver com a altitude de seus níveis hierárquicos e responsabilidades.
Normalmente, quando fala em público, uma pessoa que encontrou seu caminho no que faz - plena ou parcialmentemente eudaimônico - permeia suas falas com exemplos e analogias sobre o que gosta de fazer e de lembrar. Pontua as falas, por mais árido que o tema seja, com contrastes, humor, historinhas e temperos.
Os espectadores chegam a pensar que é uma super dotada, um gênio, que ama tudo o que faz.
Não é bem assim. A vida não é bem assim.
sábado, 28 de dezembro de 2013
Nada de novo no front. A não ser a renovação da indignação.
No Ano novo a gente deve começar renovando votos de um monte de coisas. Vou começar renovando votos de indignação.
Nada do que vi é exatamente novo, mas dói quando a gente vê de perto. Nunca me considerei à parte da realidade, muito pelo contrário.
Vida afora convivi com a dificuldade, seja no jornalismo - profissão que exerci conhecendo misérias de toda sorte - seja na atividade que escolhi na indústria farmacêutica, quando visitei - aos montes - ambulatórios e hospitais onde nunca falou sofrimento e abandono, seja como advogado, quando trabalhei de graça até cansar, literalmente.
Com o tempo, anos a fio, de carro, indo e vindo para o trabalho, convivendo com pessoas empregadas regularmente, acabei me acostumando a ouvir e ver, apenas no rádio e na TV, mazelas que parecem estar longe, mesmo quando perto, no bairro em que a empregada mora, há algumas quadras. As notícias chegam misturadas, vêm do Iraque e do Afeganistão, da Índia e da favela ao lado.
Com medo da noite, acabei por não ver nem sentir mais a miséria dos que vivem e convivem debaixo das estruturas mais improváveis da cidade, comendo o resto do luxo, que vira lixo, acentuando uma pronúncia afrancesada à comida que sobra das casas dos que podem.
Nada disto é novo, obviamente.
Acostumamo-nos às notícias sobre as mais absurdas práticas de corrupção, alienação, maldade, distanciamento, frieza, incompetência e estupidez de muitos de nossos ditos representantes, pessoas eleitas - sei lá eu como - por todos nós para exercerem uma atividade que deveria ser a mais nobre, a mais justa e a mais sagrada de todas, que é, a troco de um salário justo (todo mundo precisa viver, claro), administrar o bem público para o bem do público.
E o que vemos? Enchentes anuais, com data e hora marcadas, serem consideradas tragédias, quando rotineiras já são. Repetem-se desmoronamentos e mortes e são responsabilizados os que constroem onde não podia ser construído. Estradas tornam-se armadilhas e são culpados os incautos ao volante e somente eles. O impostômetro dispara, a criatividade dos governantes em transformar o sistema fiscal em derrama é infinita. A administração do bem público é uma lástima, a vermos como estão os hospitais e unidades de saúde, com filas de meses. E não de pessoas com urticária... são infartados e sequelados de derrames cerebrais os que ali esperam. Enfim, só me resta renovar os votos de desamparo e indignação com toda essa lameira cansativa.
O ano começa e lá vamos nós a trabalhar cinco meses para pagar impostos, convertidos em serviços da mais baixa qualidade. E lá vamos nós ver nossos holerites mastigados pelo imposto que se vai, compulsoriamente, para ser usado do jeito que estamos vendo, nos desmandos que permitem coisas como as que vi neste final de semana.
Dizem que não se deve dizer à mão direita o que a esquerda faz, mas aqui não se trata de autobajulação. Fui visitar uma creche. Filantrópica. Descobri que não é permitido fazer doações à mesma. Por lei, doações só podem ser feitas à Prefeitura, que se incumbe (ou deveria se incumbir) de distribuir os tais donativos a todas as instituições de caridade. Ocorre que falta tudo no lugar, menos amor. São centenas de crianças, filhas de famílias em sofrimento, vivendo abaixo da linha da miséria material, social e cultural, cujas mães precisam trabalhar e não têm onde deixá-las. Ali se alimentam, recebem alguma educação, cuidados básicos. Algumas entidades doam recursos, rigidamente contabilizados e fiscalizados, do prego ao alfinete. São estes recursos, escassos, que permitem alguma obra aqui e ali, algum reparo. O resto tem de vir da criatividade dos abnegados que trabalham de graça organizando forrós e shows beneficentes para recolher o básico que alimenta boquinhas famintas que ainda precisam levar algo para casa, onde falta tudo.
Como disse, nada é novidade. Só que fui ver, sem câmera, sem microfone, para tentar ajudar. Ali vi os que, baseados em uma doutrina religiosa, se inspiram em uma força chamada amor para fazer um belo trabalho não remunerado pelos homens. Enquanto isto, políticos - que deveriam ser movidos por paixão semelhante - continuam engravatados, comendo do melhor, andando de avião público, implantando cabelo, exercendo uma autoridade pesada e uma incompetência deslavada, cuspindo na nossa cara em todos os noticiários.
E o que mais indigna é a ignorância da gente que vota neles sem parar.
Descobri, abismado, que muitas das crianças, já aos seis anos, aprendem a liderar pequenas "gangues" de malandrinhos para engambelar monitores, dizendo se espelhar nos traficantes de seus morros e vielas, jovens que andam "com dinheiro sem nunca ter estudado”.
Descobri que pequeninos, de meses, recebem uma troca de fraldas na sexta-feira e voltam na segunda seguinte com a mesma, muito pior do que saíram, sofrendo assaduras e micoses.
Descobri que algumas dessas pobres mulheres engravidam e querem desistir imediatamente do filho, mantido na barriga às custas de conselhos cristãos e promessa de adoção, o que é conseguido pelos abnegados em sua luta pelos complexos trâmites legais.
Descobri que pobres criaturas podem ter até dezoito filhos durante a vida sem nunca, mas nunca, poder usar qualquer método contraceptivo pois o “marido” não permite:“É pecado”.
Descobri que existem muitas dessas meninas, meninas sim, que acham que utilizar crack é bom para emagrecer. “Você já viu fulana, como emagreceu?”
JESUS, O QUE É ISTO? Como ouvir uma coisa dessas e não se embasbacar? O que fazer? A coisa é bem mais complicada do que imaginamos.
Há tempos descobri, em um cantão desse Brasil, que uma infestação pelo famoso bicho-de-pé (o Tunga penetrans) era um verdadeiro desastre a ponto de quase fazer as moças perderem seus artelhos por absoluta falta de higiene. Detalhe: artelhos com esmalte! Não há limpeza básica, mas há esmalte. Algo está invertido aqui.
Diante de informações como estas, o que me resta a dizer é que o problema de todos nós é muito mais de absoluta falta de informação básica do que qualquer outra coisa. Crianças morrem de diarreia, a dengue aumenta quando sabemos que bastam alguns cuidados simples para erradicar o mosquito e por aí vai.
Não falo das escolas, pois isto é merecedor de um capítulo à parte nesta coletânea de indignações. Digo apenas que, tirando algumas públicas nas quais a abnegação das próprias professoras e dos pais é que as mantêm em um nível aceitável, a regra é que escola pública de base é problema, é lotada, é carente de espaço, estrutura e material para as profissionais trabalharem e ninguém ou quase ninguém se importa mais. É “normal”, faz parte do cenário.
Renovo meus votos de indignação para 2014.
E para não dizer que não falei das flores, apenas lembro que resta a cada um de nós fazer alguma coisa com nossas próprias mãos pelo problema que está mais próximo.
Não é necessário esperar o poder público, é possível colocar a mão na massa, doar tempo, doar alguns reais, ir à luta, conhecer, apoiar, fazer uma pequena diferença, por uma criança que seja. Uma.
E que na hora de nosso voto ou de explicar a importância dele aos nossos atendidos, possamos ser bastante claros. Chega de distanciamento. Não dá para votar em quem nunca aparece a não ser para pedir o raio do voto e desaparecer por quatro anos, quando voltam para pedir mais em troca de migalhas.
Assim não dá. Mãos à obra sem alarde. Por aquele ali, ali mesmo, na favela ao lado, que está precisando de sua mão, de sua conversa, de seu apoio, de seu entendimento, de seu apoio material. Um só está bom.
sábado, 6 de julho de 2013
Filhos: uma explicação nada convincente.
Não há explicação.
O que aconteceu na nossa vida, Deus?
Como num tsunami, toda minha vida, nossas vidas, transformaram-se em outras.
Eu virei outro.
Como pode um ser tão pequeno fazer isto?
Vi meus próprios olhos ali, diante de mim.
Nunca mais esquecerei aquele olhar.
Nem aquela pausa que o mundo fez.
Dizem que você não via nada naquele momento.
Duvido.
Naquele momento tudo fez um sentido enorme.
Vi passado, presente e futuro.
Vi a criança que fui, o adolescente, o homem.
Vi os três em um só.
E você, em silêncio, perguntava: está pronto para mim?
Compartilhei o ar pela primeira vez com você.
E o ar se tornou outro.
Cortaram o cordão que lhe unia à mãe.
Espessaram-se os laços das nossas almas.
Nunca mais esqueço e nunca mais vamos esquecer.
Tudo virou do avesso, meu medo e minha coragem.
Senti junto ao peito o coração que por tantos dias batia protegido.
Como tomado por uma névoa que dividiu toda nossas vidas, levamos você conosco.
Ouvimos e amamos cada nova sílaba aprendida e repetida.
Sofremos todas suas febres e dores.
Pedimos para que Deus nos fizesse sofrer em seu lugar.
Como pedimos.
Disfarçamos o peito apertado ao vê-lo indo para a escola pela primeira vez.
Quisemos poder ensinar-lhe cada matéria complicada.
Queríamos não vê-lo decepcionar-se com coisa alguma.
Quisemos sempre estar perto.
Aprendemos a nos conter, a deixá-lo experimentar.
E como esse desprendimento dói.
Assim como doíam muito os ensinamentos mais difíceis que tivemos de lhe dar, para que outros, sem o mesmo amor, não precisassem ensinar-lhe pela dor.
Vemos agora um ser pleno, independente em suas opiniões e sonhos.
Vemos que anda por si, seguro.
Pressinto o adulto afável e resoluto.
Só não sinto, nem consigo sentir, o fio de nossas almas tornar-se mais fino, que estranho.
Sinto-o mais espesso.
Veja que bonito, Deus... consigo ver aquela névoa!
A mesma que vi quando você, filho, dividiu nossa vida em duas partes, antes e depois de você.
Veja, Deus...
Estou vendo, ali, em meio à bruma, o bebê de olhos pequeninos que insiste em me fitar.
Posso vê-lo antes e agora, mudando nossas vidas.
Posso ouvi-lo dizer que veio para sempre.
domingo, 14 de abril de 2013
Comprimidos para não sonhar
Em minhas aulas de Espanhol, a professora me indicou uma letra de música para estudar. A beleza da letra é tanta que quis compartilhá-la aqui.
É de Joaquín Sabina e se chama Pastillas para no soñar
É de Joaquín Sabina e se chama Pastillas para no soñar
Si lo que quieres es vivir cien años
no pruebes los licores del placer.
Si eres alérgico a los desengaños
olvídate de esa mujer.
Compra una máscara antigás,
manténte dentro de la ley.
Si lo que quieres es vivir cien años
haz músculos de cinco a seis.
Y ponte gomina que no te despeine
el vientecillo de la libertad.
Funda un hogar en el que nunca reine
más rey que la seguridad.
Evita el humo de los puros,
reduce la velocidad.
Si lo que quieres es vivir cien años
vacúnate contra el azar.
Deja pasar la tentación
dile a esa chica que no llame más
y si protesta el corazón
en la farmacia puedes preguntar:
¿Tiene pastillas para no soñar?
Si quieres ser Matusalén
vigila tu colesterol
si tu película es vivir cien años,
no lo hagas nunca sin condón.
Es peligroso que tu piel desnuda
roce otra piel sin esterilizar,
que no se infiltre el virus de la duda
en tu cama matrimonial.
Y si en tus noches falta sal,
para eso está el televisor.
Si lo que quieres es cumplir cien años
no vivas como vivo yo.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Pesquisas de clima: diferencial competitivo?
Empresas dependem de pessoas. Grande novidade. No entanto, parece que não se vê uma coisa tão óbvia com naturalidade.
O advento de incríveis tecnologias não afastou as pessoas, nem um milímetro, do ambiente produtivo, antes pelo contrário, passou a exigi-las, porém com toda a força de seus potenciais.
Há algum tempo apenas cérebros (e não braços) são contratados. E há menos tempo só se contratam cérebros inovadores, forjados mais na atitude que na formação curricular.
Máquinas podem escrever, calcular, montar coisas, empacotá-las, analisar gráficos e reunir dados. No entanto, centenas de pessoas seriam alijadas do processo produtivo se as empresas não dependessem tanto de costante inovação.
Inovação é a palavra. Hoje as pessoas são desafiadas a apresentar soluções criativas com menos custos e mais resultados. Eficácia é inovaçáo. E vice-versa.
E só pessoas inovam.
Não obstante, colaboradores criativos perto de diretores e outros altos gestores, acabam vivendo um ambiente mais competitivo, abafado ou ostensivo, pois todos querem ter projetos aprovados. Jovens da geração Z e Y têm pressa, querem subir, coordenar, ter suas ideias implementadas.
Assim, pesquisar o clima organizacional passa a ser imperativo.
Parece simples melhorat o clima entre funcionários operacionais. Não é difícil tratá-los melhor, administrar pressões, alternar horários, privilegiar a família, melhorar a alimentação, reformat o transporte e estabelecer premiações mais justas. Só que não é simples, precisa partir de gestores sensíveis a mudanças e atentos à inovação.
Mesmo na produção, hoje, as pessoas vêm buscando chances de crescimento. Já estudam mais e desejam trabalhar estrategicamente. Como administrar tantas ansiedades?
E o desafio é maior nos setores que se obrigam a apresentar soluçōes. Entre coordenadores de projetos, "marketeiros", supervisores e gerentes, os motivadores são mais complexos. A estas pessoas são mostradas , mesmo tacitamente, maiores possibilidades de galgar os comandos, quem nem sempre estão disponíveis a todos. Seus desafios são sempre elevados.
A luta pela ascensão e aceitação de ideias pode se tornar um martírio para os mais comprometidos com um futuro de liderança corporativa. A falta de perspectivas imediatas ou minimamente claras pode ser um sinalizador de desânimo e de iminente baixa produtividade, especialmente no campo da inovação. E o que fazer? Perder talentos para a concorrência?
Pesquisas de clima devem priorizar a intimidade de cada departamento, por menor que seja, para entender as peculiaridades das vísceras da organização.
A junção das pesquisas viscerais permite perspectivas. Assim teríamos como saber onde estão os gargalos na convivência pouco produtiva e inovadora entre os colaboradores.
É a partir das células que se interfere no organismo.
Deve ser um exercício extenuante de adivinhação elaborar perguntas pertinentes a todos os departamentos ao mesmo tempo, todos com características tão específicas. As respostas, muitas vezes, podem vir mascaradas por percepções pouco realistas de um todo que poucos conhecem.
A nosso ver, empresários que não se atentarem para o clima de sua organização a partir de percepções mais íntimas podem colocar em xeque a manutenção de seus negócios.
Ninguém duvida que produtos e serviços acabam sendo parecidos e que somente pessoas podem agregar valor que mostra onde moram as diferenças. E essas pessoas? Sabem por que fazem as coisas? São perguntadas quanto ao que pensam da empresa, sua missão e seus valores? Sabem para o que contribuem?
A busca do melhor clima organizacional, com implementação competente das necessidades detectadas em pesquisas bem dirigidas, pode fazer bem à imagem das organizações, como resultado das atitudes dos que atuam nelas.
Somente gente mostra porque se justifica a existência de uma organização e do que ela produz em um mundo onde tantos fazem todo dia coisas tão parecidas.
sábado, 15 de dezembro de 2012
O que é a Síndrome de Burnout?
ESTRESSE PROFISSIONAL E SÍNDROME DE BURNOUT
Assisti a dois programas de TV
sobre estresse profissional. Em ambos, foi entrevistado o psicólogo Júnior
Cesar Fialho, gestor de RH de uma pequena rede de supermercados em Mauá. No
outro, em outra TV, além dele estava o médico psiquiatra José Eduardo Pereira
Nora.
Quanto ao primeiro programa,
denominado Sindicalismo e Cidadania, apresentado por Humberto Pastori, retirei
considerações sobre o tema que coloco a seguir.
Segundo Fialho, o estresse é um
termo que significa forçar, ou seja,
provocar uma resposta do organismo a um esforço exacerbado. Quanto ao estresse
profissional, disse ele que o mundo muda e o segredo é que a velocidade dessa
mudança vem provocando muito debate sobre o tema.
Uma informação que ele trouxe é
que a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a OIT (Organização Internacional do
Trabalho) fizeram estudos que mostram que o estresse profissional será a
primeira doença do ranking por motivo de doenças nos trabalhadores no ano de 2020; atualmente é a terceira.
O psicólogo disse que a realidade
consumista fez o trabalho ocupar o primeiro lugar na herarquia de
valores das pessoas; elas vivem muito mais para trabalhar do que para outras
coisas. Sabemos que o estresse pode desencadear doenças, especialmente nas
pessoas viciadas em trabalho e que isso afeta o corpo, explicou o Gestor de RH.
Conforme explicou, esse é um tema
não tão novo, mas nem tão antigo. E prosseguiu: um estudo feito pelo Ministério
da Saúde e pelo INSS mostra que temos cem mil
afastamentos por ano devido a transtornos mentais, dentre eles o estresse,
sendo quinze mil destas pessoas aposentadas por invalidez anualmente.
Fialho explicou que o estresse
profissional atinge mais as pessoas que, no trabalho, precisam lidar com atendimento ao
público, ou seja, médicos, policiais, enfermeiros, professores, sendo essas
atividades as campeãs em estresse. Além desses, prossegue o entrevistado, outros
profissionais como os que lidam com tecnologia de ponta e aqueles cobrados
fortemente por resultados, como bancários, também se inserem no contexto. Ele usou a metáfora da ponte que se rompe devido a um peso grande no meio para explicar o estresse. Ou seja, uma pessoa cobrada por mais do que é capaz de oferecer pode
entrar em estresse.
O estresse
profissional pode ser dividido em três entidades, conforme explicou: o distresse, no qual a pessoa
sai de si, sendo a distensão do estresse; o hipoestresse, a falta de
estresse que apresenta sintomas como muito sono, fome, ganho de peso, baixa auto-estima; e
o eustresse, que representa o equilíbrio.
Fialho citou o pensador William
James, referência na área de gestão de pessoas. Segundo James, a arte de lidar
com estresse está na habilidade que temos para escolher um pensamento ao invés
de outro.
Pessoas motivadas
produzem saúde enquanto as desmotivadas provocam doença; quando estamos felizes, o
cérebro produz endorfina, hormônio que nos deixa fortes e dispostos,
mas quando estamos tristes e desmotivados, a glândula suprarrenal produz adrenalina, explicou. O primeiro malefício disto, ensinou ele, é fazer com que o corpo permaneça em constante alerta; com o sistema
imunológico baixo, nos colocando susceptíveis a muitas doenças.
Prosseguiu explicando que o modo de ver esse problema vem mudando na cabeça dos próprios empresários, que antes pensavam que o mal acometia apenas as pessoas, nunca a
empresa; hoje, prosseguiu Fialho, os empresários sabem que o estresse faz cair a produção, assim como aumenta o
absenteísmo, a rotatividade de funcionários, podendo afetar até a imagem da empresa.
A Síndrome de Burnout, segundo
ele, ocorre quando o profissional sofre níveis muito altos de estresse, levando-o ao esgotamento completo, o que força seu afastamento. Por burnout podemos entender queima total. Os mais sujeitos a essa síndrome, explicou ele, são os mais
comprometidos, que não pensam em si ou na família, mas apenas nos projetos que precisam
entregar.
Conforme ele ensinou, existem 3
estágios de estresse profissional que podem levar ao burnout: o primeiro é um
alarme que faz o corpo perceber que não está aguentando; o segundo é a resistência,
quando o corpo tenta segurar o esforço exagerado, havendo pessoas que conseguem
resistir mais, considerados os resilientes; no entanto, quando as pessoas são menos
resilientes ou o estímulo agressivo é muito forte, temos o terceiro estágio que
é a exaustão, o que exige intervenção médica e afastamento.
Fialho explicou que para se
evitar o agravamento do estresse profissional, é sempre melhor prevenir que
remediar e o primeiro passo é saber que não se pode viver em estresse
insuportável.
Um exemplo interessante citado
por ele é uma pesquisa feita durante a guerra do Vietnã com soldados do front:
aqueles que perdiam um dedo ficavam incrivelmente desmotivados e doentes, mas
os que perdiam as pernas ficavam motivados. Isto se explica porque os que
perdiam um dedo tinham de aprender a atirar com a outra mão e voltar à cena da
guerra depois de uma semana, ou seja, seu futuro era a batalha e possivelmente a
morte. Já para aquele que perdeu a perna, a perspectiva era de voltar aos
Estados Unidos, receber uma prótese, uma medalha e ser tornar herói de guerra.
Segundo ele, temos 100 trilhões
de células em nosso corpo, mas apenas um por cento é célula do sistema
imunológico; por isto, pessoas que só falam sobre temas desagradáveis, só
assistem coisas negativas e só abordam doenças, são propensas a produzir mais adrenalina,
com baixa do sistema imunológico, se estressando e apresentando sintomas que
vão desde uma simples dor de cabeça ao
infarto, úlceras, gastrite, náuseas, vômitos, tremores, tamborilar involuntário
de dedos, boca seca, ombros rígidos e outros sinais.
Conforme explicou, os
gestores de setor e de RH precisam perceber se o trabalho para determinada
pessoa tem sido demasiadamente grande; claro que sabemos que empresas
trabalham com quadros enxutos, é caro ter pessoas, que custam o dobro do que
recebem; mas precisamos avaliar isto, pois teríamos menos atestados médicos e
menos afastamentos.
A empresa pode oferecer alternativas para
melhorar a qualidade no trabalho, como uma palestra, uma ginástica laboral. E ainda deu uma dica de leitura: “O estresse
está dentro de você”, de Marilda Lipp.
Finalizando esse programa, deixou
uma orientação pessoal: precisamos viver mais o presente, pois quando se pensa
muito no passado, ficamos depressivos e quando vivemos no futuro, ficamos
ansiosos. “Viver o presente é curtir a vida”.
O segundo programa assistido, o Vejam Só, teve a presença do mesmo
psicólogo e do médico psiquiatra José Eduardo Pereira Nora, entrevistados pelo
apresentador Eber Cocarelli.
Na abertura, o apresentador teceu
considerações sobre as doenças de várias épocas da história, sendo a
atual
o estresse, principalmente no mundo ocidental e nos grandes centros urbanos. Segundo
ele, é praticamente impossível dizer que em São Paulo, Rio, Belo Horizonte ou
Porto Alegre pode-se levar uma vida profissional sem estresse, pois enfrentamos
um ambiente altamente competitivo e ainda os dilemas da vida urbana como
violência, trânsito, insegurança e desemprego.
O psiquiatra José Eduardo Pereira
Nora confirmou que muitos vão para as drogas como álcool e tranquilizantes por
causa do estresse e por causa da Síndrome de Burnout, sendo isto muito frequente.
O programa mostrou uma
reportagem, no início, sobre o desgosto e o desânimo com o trabalho, pressões,
preocupações e insatisfação generalizada, o que gera fadiga, dor de cabeça,
insônia, dores no corpo, palpitações, alterações intestinais, náuseas e outros
sintomas de estresse e da já referida Síndrome de Burnout, caracterizada por
perda de energia, distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de
esgotamento físico e mental intenso, sendo sua causa intimamente ligada ao
ambiente de trabalho.
Para o psiquiatra, o burnout é
uma síndrome que se assemelha à figura de um fósforo queimado, ou seja, ele
está ali mas não é mais útil. Segundo disse, o burnout é a consequência de um
alto grau de estresse profissional que normalmente atinge pessoas que querem
abraçar o mundo com as próprias mãos e se submetem à todas as exigências do
meio, sem impor limites ou delegar, o que acaba levando o organismo à exaustão
emocional em um primeiro momento e posteroirmente faz com que a pessoa percaa
vontade e o prazer de estar no trabalho, tornando-se cínica, maltratando
colegas, partindo para a agressão, já havendo relatos de suicídio em alguns
casos.
Para o psiquiatra José Eduardo,
este é um processo bem estabelecido em fases: o cérebro humano é preparado para
suportar um determinado grau de estresse, como as condições em que está
submetido no trabalho, mas também aquelas situações que exigem tomada de
atitude, decisão, posicionamento, interpretação, que exigem que ele se aprimore.
O cérebro está preparado para
isto e vai absorvendo, desenvolvendo o que chamamos de resiliência. Segundo o psiquiatra, isto não é uma doença. No
entanto, um cérebro submetido a um estresse constante não percebido passa da fase
da resiliência para a vulnerabilidade. Explicando melhor, ele disse que é como
se o cérebro ficasse superexcitado, como se algumas de suas regiões começassem
a jogar contra a própria pessoa, deixando-a vulnerável e com a porta aberta para
o burnout.
Foi feita uma pergunta para para Fialho, que é Gestor de RH: imagine que você tem um gerente muito
exigente, crítico, alguém que entende que para o empregado render mais ele
precisa ficar na cola dele, nunca
elogiando, sendo autoritário e massacrante. Os colaboradores desse gerente começam
a se estressar e apresentar sintomas. Daí vêm conversar com você. O que você
faz? Manda que eles troquem de emprego ou troca o gerente?
A resposta de Fialho foi que tudo
vai depender se o que está ocorrendo no departamento em questão é distresse ou
hipoestresse, pois assim consegue-se perceber se o problema é do colaborador ou
se sua gerência. Se o colaborador sofre distresse, há uma grande
possibilidade da influência ser da gerência.
Hoje, segundo ele disse, a
liderança autocrática tem existido cada vez menos, mas caso for percebido que o
gerente age com autoridade excessiva, se já falamos sobre isto, se já indicamos
caminhos como ele deve agir e nada aconteceu, existe a possibilidade, sim, de se
trocar esse gerente.
O psiquiatra José Eduardo disse
que trabalha junto com o RH em programas de capacitação de liderança para gestores
sobre como eles podem lidar mais tranquilamente com as dificuldades de seus
colaboradores; se o gestor não se atenta para isto, as empresas já estão
percebendo e se ele segue levando sua gestão sem observar esses sinais, isso acaba
se voltando contra ele na forma de perda de rendimento devido a trocas de
pessoas e treinamentos constantes; hoje os gestores estão mais abertos às
questões de saúde mental, pois existem empresas especializadas em trabalhar
junto ao Rh para oferecer melhores condições de trabalho, seja no campo
psíquico, inter-relacional ou físico.
O psicólogo Cesar Fialho informou
que existem no Brasil alternativas interessantes, como um grupo de psicólogos que
o pessoal do telemarketing pode acessar através de uma central de atendimento.
O psicólogo vai realizar uma escuta, para uma mudança de paradigmas.
Foi perguntado ao psiquiatra se é
possível curar uma síndrome do pânico e estresse pós-traumático em 30 dias. A
resposta foi que 20% dos casos apresentam melhoras significativas em 30 dias,
mas pacientes com estresse pós traumático, como bancários assaltados na agência
em que trabalham e nem conseguem mais sequer se aproximar do local onde o fato
ocorreu, precisam de mais tempo, de um processo psicoterápico e até
medicamentos. Ele citou o caso de um paciente que ficou no seu hospital-dia se
tratando por oito meses.
O programa também mostrou uma
matéria na saída de uma igreja evangélica: de forma geral, as pessoas disseram
ser impossível evitar o estresse. Uma delas disse que com educação e
compreensão pode haver uma saída. Um entrevistado disse que quando acontece uma
situação ruim, ele sai, vai ao banheiro e respira cinco minutos para não estourar.
Outro falou que ajuda muito orar e colocar Deus em primeiro lugar.
Segundo Fialho, quando o estresse
não é causado pelo chefe, mas pela situação, pelo trânsito e pela vida com
baixa qualidade, o ideal seria ter a sorte de algumas empresas, cujos colaboradores,
por exemplo, moram próximo, já que essa questão do transporte, no ranking de
estresse, é um dos mais fortes, sobretudo porque o trânsito, o mau transporte,
o tempo em deslocamento, tudo pode estagnar uma pessoa que tinha a intenção de
fazer um curso, uma faculdade, mas não consegue, pois gasta quatro horas só em
trânsito, e nas piores condições.
Fialho disse notar que a maioria
das pessoas é muito resiliente, pois observa que existem aquelas que leem cinco
ou seis livros por mês, só no deslocamento. E dá uma dica: uma técnica para a
motivar é fazer a pessoa se perguntar porque está passando por aquilo, porque
está enfrentando aquele metrô todo dia, por tanto tempo. Se ela pensando em
algo maior, em como concluir uma faculdade para trabalhar em determinada área,
ajuda bastante na resiliência.
O psiquiatra disse que existem
formas baratas e que podemos aplicar no quotidiano sem perder tempo e sem mudar
demais o estilo de vida, como por exemplo: a simples respiração dentro de um
ambiente com muita gente e muito barulho; a pessoa pode se dedicar a algum
relaxamento respiratório com cuidado, sem nenhum conteúdo filosófico maior, pois
apenas o exercício adequado de
respiração oxigena melhor o cérebro, controla a pressão arterial, reduz os
batimentos cardíacos, melhora a temperatura corporal, acalma e relaxa.
José Eduardo disse ainda que alguns
colegas seus foram morar no interior, mas se nós não optamos por isso e vivemos
em São Paulo, por exemplo, trabalhando há duas horas de casa, precisamos
desenvolver estratégias no trajeto e no tempo livre que tivermos dentro da
empresa. É o caso de se perguntar: o que podemos fazer no tempo livre para
controlar o estresse?
Para Fialho, muitas pessoas vivem
no piloto automático, abrem os olhos, mas não acordam, vão fazer isto só no
primeiro café, já na empresa. São pessoas que fazem tudo sem perceber, sofrem
lapsos da memória, não sabem onde deixaram as coisas, pois nunca estão nelas
mesmas. Sempre que formos fazer algo, precisamos pensar, verificar o que estamos
fazendo, sentir o sabor das coisas na hora de se alimentar. O grande problema,
um dos maiores males, é que nunca estamos no presente. Citou o caso da pessoa que
vai a uma festa e se preocupa em tirar fotos para colocar no computador e ver a
festa depois, sendo que já estava na festa e podia vê-la ali, no presente.
A professora Kellyn Cunha,
gestora de RH, também participou com a pergunta: o estresse pode ser
silencioso? No caso dela, como professora universitária e gestora de RH, só
percebeu que estava estressada nos exames de check-up solicitados pela
universidade. Fialho respondeu que o estresse no início é muitas vezes
silencioso. O estresse não é uma doença em si, explicou, mas sim um sinalizador.
Com certeza, segundo ele, em vários casos ele começa silenciosamente.
O Apresentador fez críticas ao
check-up legal. Segundo ele, tem sido feito apenas para cumprir regra. O
psiquiatra respondeu que na realidade, esse exame deveria ser feito para
prevenir, explicando que sempre que se trabalha com uma gama muito grande de
exames, direcionados para muitas pessoas, há uma contingência de exames
negativos superior a 85%, mas nos casos em que se detecta alguma coisa e se
intervém precocemente, investindo no tratamento, há chance de sucesso em vários
sentidos.
Concluo que com o avanço das
relações interpessoais, inclusive no trabalho, cresce a consciência de que nada
se sustenta sem cuidado. Nem o planeta, ecologicamente falando, suportará toda
pressão por produção sem um cuidado com sua preservação. Assim tem sido
ultimamente com as pessoas. Já evoluímos da escravidão para o trabalho
remunerado e deste para legislações protetoras da relação, permeando o respeito
a limites humanos, até por uma questão simples de economia e sustentabilidade.
Gente bem preparada, descansada e protegida de excessos pode produzir mais e
melhor, vivendo em paz. Ou seja: trabalho existe para se viver melhor, em
comunhão de interesses de quem presta o serviço e quem emprega seu capital.
É errado viver para trabalhar,
enriquecendo uma minoria preocupada apenas com sustento de seus empreendimentos
e morrendo de medo de perder o emprego ou não conseguir “sucesso” profissional.
Isto, está sendo provado a cada dia, não se sustenta. Sem planeta e sem gente,
nada feito. Desaparecerão todos os investimentos. Acabará a produção, não existirá
consumo nem consciente, a roda não vai mais girar e tudo vai parar. O
pensamento tem de ser holístico. Como colaborador, não posso perder de vista
que meu empregador precisa lucrar para me manter, me desenvolver e me pagar
melhor. Como empregador preciso pensar que sem qualidade de vida, meu
colaborador desiste, morre, desaparece e meus lucros não podem ocorrer a
qualquer custo, até porque não existirão mais.
Qualidade de vida no trabalho: é possível?
Qualidade de Vida no Trabalho: um programa de longo prazo
A implementação de um programa de
qualidade de vida no trabalho, como dizem muitos autores, não pode ser
circunscrita a algumas atividades pontuais, como para demonstrar para clientes
e comunidade que a Empresa é consciente e deseja que seus colaboradores tenham
saúde e bem-estar.
A implantação de áreas de lazer
pelos cantos da empresa, o envio de e-mails-marketing com mensagens
edificantes, contratação de profissionais de ginástica laboral e massagistas,
tudo isto, apartado de uma consciência profunda de que qualidade de vida é um
conceito muito mais amplo, só servirá para mostrar a acionistas e comunidade
que os colaboradores são assistidos.
Qualidade de vida no trabalho
passa não apenas por um excelente programa de saúde preventivo, instalações
confortáveis, acesso simples para todos, iluminação agradável, alimentação
constante e saudável, atendimento psicológico e cestas de frutas e presentes.
Qualidade de vida é mais do que tudo isso junto, somado a tudo isso.
A relação de chefes e
subordinados deve ser pautada pelo respeito no trato, assim como na
transparência quanto a objetivos da empresa, programas de capacitação, um plano
de carreira bem definido, oportunidades de treinamento para a função e
desenvolvimento profissional. Tudo o que pode, junto, tangível ou não tangível,
reter e atrair talentos e como tornar mais ameno o dia a dia das atividades
mais simples às mais sofisticadas, pode tornar a empresa um local de convívio
aberto e feliz, sem utopia.
Evidente está que uma empresa que
prioriza o bom convívio em um bom
ambiente, independentemente da envergadura do empreendimento, do número
de seus colaboradores e do impacto econômico de seu ramo de negócios, pode se
tornar competitiva muito mais rapidamente, pois será formada por pessoas que
produzem com mais criatividade.
Criatividade e inovação são, hoje em dia, cada vez mais, as
matérias-primas mais cobiçadas. E a soma de pequenos detalhes pode transformar
um negócio, mesmo pequeno, em uma atividade extremamente prazerosa, com
funcionários que buscam agir em equipe e comemorar bons resultados, sem a
utopia de metas sem ousadia. Ou seja: para ser competitivo no ambiente
altamente agitado do mundo de hoje,empresários de visão devem priorizar, no
trabalho, para todos, em todos os níveis,
a prática de uma convivência harmônica que pode ser um divisor de águas
na sociedade.
Jairo Attademo
MBA Gestão de RH - UNIP
sábado, 8 de dezembro de 2012
Viver e vender - aula na Fundação Oswaldo Cruz
O Mantelo não tem jeito.
Trabalhamos como treinadores de vendas há alguns anos e ele ainda se lembra de nossas viagens pelo Brasil.
Foi com ele que experimentei usar alguns recursos teatrais como usar máscaras de borracha e caveiras barulhentas, recursos para descontrair em treinamentos tensos.
Criamos assim um personagem que, no mínimo, nos divertia e aos alunos: Professor Criatura, batismo feito pelo próprio Manta. Aliás, foi com ele que aprendi alguns hábitos refinados como fumar charuto. Não fumo mais, sei que faz mal, mas na época não fazia não.
Eis que o Manta, como o chamamos, é hoje, além de Gerente de Treinamento no Aché, emérito professor de Gestão de Vendas no curso de Pós-Graduação em Marketing Farmacêutico da Fundação Oswaldo Cruz.
Almoçamos juntos outro dia e ele cometeu o desatino de me convidar para uma palestra, hoje, sábado, 8 de dezembro de 2012, para seus alunos da pós.
Saí ao meio dia da minha pós na UNIP Anchieta, onde sou aluno no MBA de Gestão de RH para ir até à Barra Funda, onde fica o campus da Oswaldo Cruz. Pensei que iria, num sábado calorento, encontrar talvez, quem sabe, uns dez heróis assistindo aula. Achei, enganosamente, que os jovens de hoje, diante de um sabadão preguiçoso e lento, ficariam em casa se abanando, como eu faria se tivesse a idade deles.
Ledo engano. Encontrei uma turma grande de farmacêuticos, administradores, representantes, todos animados e se divertindo com o Manta. E isso logo após o almoço. O que é a juventude. Vi ali moças bonitas, uma até acompanhada da filhinha de uns 8 anos e alguns rapazes gente boa (não tenho o hábito de achar homem bonito, desculpem-me a parcialidade). Todos esperando aprender alguma coisa.
Claro, habituado a falar em público na empresa e fora dela, juntei toda minha história já longa na área de comunicação e vendas e parti para uma auto-apresentação que só não me fez rir porque conheço de sobra minha própria história desengonçada. Que bom, eles gostaram!
Minha preocupação seguinte fez as borboletas de meu estômago darem sinal de vida: será que consigo agregar valor a pessoas tão dispostas, tão jovens, porém já experientes?
Desandei a falar de coisas como sensibilização, uso da percepção para identificar estilos de comportamento de potenciais clientes, o que são esses estilos, o que fazem alguns compradores profissionais para desestabilizar vendedores e permanecerem no comando da situação, enfim, entrei pela seara de técnica de abordagem e fui assim a tarde inteira, olhos de todos pregados em mim e nenhum celular sequer vibrando.
Achei o comportamento deles muito especial, diferente do que vejo em outros locais onde deveria sempre haver respeito, humildade e atenção. E como anotavam. Tudo isso entremeado com sorrisos, vontade de aprender e ser melhor todo dia. Interagiram, participaram, mostraram vivacidade.
É, Mantelo.
Você não perde seu tempo e nem o de ninguém. Desculpem-me ser tão oferecido, mas se me convidarem de novo, para falar para pessoas assim, eu volto.
Trabalhamos como treinadores de vendas há alguns anos e ele ainda se lembra de nossas viagens pelo Brasil.
Foi com ele que experimentei usar alguns recursos teatrais como usar máscaras de borracha e caveiras barulhentas, recursos para descontrair em treinamentos tensos.
Criamos assim um personagem que, no mínimo, nos divertia e aos alunos: Professor Criatura, batismo feito pelo próprio Manta. Aliás, foi com ele que aprendi alguns hábitos refinados como fumar charuto. Não fumo mais, sei que faz mal, mas na época não fazia não.
Eis que o Manta, como o chamamos, é hoje, além de Gerente de Treinamento no Aché, emérito professor de Gestão de Vendas no curso de Pós-Graduação em Marketing Farmacêutico da Fundação Oswaldo Cruz.
Almoçamos juntos outro dia e ele cometeu o desatino de me convidar para uma palestra, hoje, sábado, 8 de dezembro de 2012, para seus alunos da pós.
Saí ao meio dia da minha pós na UNIP Anchieta, onde sou aluno no MBA de Gestão de RH para ir até à Barra Funda, onde fica o campus da Oswaldo Cruz. Pensei que iria, num sábado calorento, encontrar talvez, quem sabe, uns dez heróis assistindo aula. Achei, enganosamente, que os jovens de hoje, diante de um sabadão preguiçoso e lento, ficariam em casa se abanando, como eu faria se tivesse a idade deles.
Ledo engano. Encontrei uma turma grande de farmacêuticos, administradores, representantes, todos animados e se divertindo com o Manta. E isso logo após o almoço. O que é a juventude. Vi ali moças bonitas, uma até acompanhada da filhinha de uns 8 anos e alguns rapazes gente boa (não tenho o hábito de achar homem bonito, desculpem-me a parcialidade). Todos esperando aprender alguma coisa.
Claro, habituado a falar em público na empresa e fora dela, juntei toda minha história já longa na área de comunicação e vendas e parti para uma auto-apresentação que só não me fez rir porque conheço de sobra minha própria história desengonçada. Que bom, eles gostaram!
Minha preocupação seguinte fez as borboletas de meu estômago darem sinal de vida: será que consigo agregar valor a pessoas tão dispostas, tão jovens, porém já experientes?
Desandei a falar de coisas como sensibilização, uso da percepção para identificar estilos de comportamento de potenciais clientes, o que são esses estilos, o que fazem alguns compradores profissionais para desestabilizar vendedores e permanecerem no comando da situação, enfim, entrei pela seara de técnica de abordagem e fui assim a tarde inteira, olhos de todos pregados em mim e nenhum celular sequer vibrando.
Achei o comportamento deles muito especial, diferente do que vejo em outros locais onde deveria sempre haver respeito, humildade e atenção. E como anotavam. Tudo isso entremeado com sorrisos, vontade de aprender e ser melhor todo dia. Interagiram, participaram, mostraram vivacidade.
É, Mantelo.
Você não perde seu tempo e nem o de ninguém. Desculpem-me ser tão oferecido, mas se me convidarem de novo, para falar para pessoas assim, eu volto.
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