sábado, 15 de dezembro de 2012

O que é a Síndrome de Burnout?


ESTRESSE PROFISSIONAL E SÍNDROME DE BURNOUT


Assisti a dois programas de TV sobre estresse profissional. Em ambos, foi entrevistado o psicólogo Júnior Cesar Fialho, gestor de RH de uma pequena rede de supermercados em Mauá. No outro, em outra TV, além dele estava o médico psiquiatra José Eduardo Pereira Nora.

Quanto ao primeiro programa, denominado Sindicalismo e Cidadania, apresentado por Humberto Pastori, retirei considerações sobre o tema que coloco a seguir.

Segundo Fialho, o estresse é um termo que significa forçar,  ou seja, provocar uma resposta do organismo a um esforço exacerbado. Quanto ao estresse profissional, disse ele que o mundo muda e o segredo é que a velocidade dessa mudança vem provocando muito debate sobre o tema.

Uma informação que ele trouxe é que a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) fizeram estudos que mostram que o estresse profissional será a primeira doença do ranking por motivo de doenças nos trabalhadores no ano de 2020; atualmente é a terceira.

O psicólogo disse que a realidade consumista fez o trabalho ocupar o primeiro lugar na herarquia de valores das pessoas; elas vivem muito mais para trabalhar do que para outras coisas. Sabemos que o estresse pode desencadear doenças, especialmente nas pessoas viciadas em trabalho e que isso afeta o corpo, explicou o Gestor de RH.

Conforme explicou, esse é um tema não tão novo, mas nem tão antigo. E prosseguiu: um estudo feito pelo Ministério da Saúde e pelo INSS mostra que temos cem mil afastamentos por ano devido a transtornos mentais, dentre eles o estresse, sendo quinze mil destas pessoas aposentadas por invalidez anualmente.

Fialho explicou que o estresse profissional atinge mais as pessoas que, no trabalho, precisam lidar com atendimento ao público, ou seja, médicos, policiais, enfermeiros, professores, sendo essas atividades as campeãs em estresse. Além desses, prossegue o entrevistado, outros profissionais como os que lidam com tecnologia de ponta e aqueles cobrados fortemente por resultados, como bancários, também se inserem no contexto. Ele usou a metáfora da ponte que se rompe devido a um peso grande no meio para explicar o estresse. Ou seja, uma pessoa cobrada por mais do que é capaz de oferecer pode entrar em estresse. 

O estresse profissional pode ser dividido em três entidades, conforme explicou: o distresse, no qual a pessoa sai de si, sendo a distensão do estresse; o hipoestresse, a falta de estresse que apresenta sintomas como muito sono, fome, ganho de peso, baixa auto-estima; e o eustresse, que representa o equilíbrio. 

Fialho citou o pensador William James, referência na área de gestão de pessoas. Segundo James, a arte de lidar com estresse está na habilidade que temos para escolher um pensamento ao invés de outro.

Pessoas motivadas produzem saúde enquanto as desmotivadas provocam doença; quando estamos felizes, o cérebro produz endorfina, hormônio que nos deixa fortes e dispostos, mas quando estamos tristes e desmotivados, a glândula suprarrenal produz adrenalina, explicou. O primeiro malefício disto, ensinou ele, é fazer com que o corpo permaneça em constante alerta; com o sistema imunológico baixo, nos colocando susceptíveis a muitas doenças. 

Prosseguiu explicando que o modo de ver esse problema vem mudando na cabeça dos próprios empresários, que antes pensavam que o mal acometia apenas as pessoas, nunca a empresa; hoje, prosseguiu Fialho, os empresários sabem que o estresse faz cair a produção, assim como aumenta o absenteísmo, a rotatividade de funcionários, podendo afetar até a imagem da empresa.

A Síndrome de Burnout, segundo ele, ocorre quando o profissional sofre níveis muito altos de estresse, levando-o ao esgotamento completo, o que força seu afastamento. Por burnout podemos entender queima total. Os mais sujeitos a essa síndrome, explicou ele, são os mais comprometidos, que não pensam em si ou na família, mas apenas nos projetos que precisam entregar.

Conforme ele ensinou, existem 3 estágios de estresse profissional que podem levar ao burnout: o primeiro é um alarme que faz o corpo perceber que não está aguentando; o segundo é a resistência, quando o corpo tenta segurar o esforço exagerado, havendo pessoas que conseguem resistir mais, considerados os resilientes; no entanto, quando as pessoas são menos resilientes ou o estímulo agressivo é muito forte, temos o terceiro estágio que é a exaustão, o que exige intervenção médica e afastamento.

Fialho explicou que para se evitar o agravamento do estresse profissional, é sempre melhor prevenir que remediar e o primeiro passo é saber que não se pode viver em estresse insuportável.

Um exemplo interessante citado por ele é uma pesquisa feita durante a guerra do Vietnã com soldados do front: aqueles que perdiam um dedo ficavam incrivelmente desmotivados e doentes, mas os que perdiam as pernas ficavam motivados. Isto se explica porque os que perdiam um dedo tinham de aprender a atirar com a outra mão e voltar à cena da guerra depois de uma semana, ou seja, seu futuro era a batalha e possivelmente a morte. Já para aquele que perdeu a perna, a perspectiva era de voltar aos Estados Unidos, receber uma prótese, uma medalha e ser tornar herói de guerra.

Segundo ele, temos 100 trilhões de células em nosso corpo, mas apenas um por cento é célula do sistema imunológico; por isto, pessoas que só falam sobre temas desagradáveis, só assistem coisas negativas e só abordam doenças, são propensas a produzir mais adrenalina, com baixa do sistema imunológico, se estressando e apresentando sintomas que vão  desde uma simples dor de cabeça ao infarto, úlceras, gastrite, náuseas, vômitos, tremores, tamborilar involuntário de dedos, boca seca, ombros rígidos e outros sinais.

Conforme explicou, os gestores de setor e de RH precisam perceber se o trabalho para determinada pessoa tem sido demasiadamente grande; claro que sabemos que empresas trabalham com quadros enxutos, é caro ter pessoas, que custam o dobro do que recebem; mas precisamos avaliar isto, pois teríamos menos atestados médicos e menos afastamentos.

A empresa pode oferecer alternativas para melhorar a qualidade no trabalho, como uma palestra, uma ginástica laboral.  E ainda deu uma dica de leitura: “O estresse está dentro de você”, de Marilda Lipp.

Finalizando esse programa, deixou uma orientação pessoal: precisamos viver mais o presente, pois quando se pensa muito no passado, ficamos depressivos e quando vivemos no futuro, ficamos ansiosos. “Viver o presente é curtir a vida”.

O segundo programa assistido, o Vejam Só, teve a presença do mesmo psicólogo e do médico psiquiatra José Eduardo Pereira Nora, entrevistados pelo apresentador Eber Cocarelli.

Na abertura, o apresentador teceu considerações sobre as doenças de várias épocas da história, sendo a 
atual o estresse, principalmente no mundo ocidental e nos grandes centros urbanos. Segundo ele, é praticamente impossível dizer que em São Paulo, Rio, Belo Horizonte ou Porto Alegre pode-se levar uma vida profissional sem estresse, pois enfrentamos um ambiente altamente competitivo e ainda os dilemas da vida urbana como violência, trânsito, insegurança e desemprego.

O psiquiatra José Eduardo Pereira Nora confirmou que muitos vão para as drogas como álcool e tranquilizantes por causa do estresse e por causa da Síndrome de Burnout, sendo isto muito frequente.

O programa mostrou uma reportagem, no início, sobre o desgosto e o desânimo com o trabalho, pressões, preocupações e insatisfação generalizada, o que gera fadiga, dor de cabeça, insônia, dores no corpo, palpitações, alterações intestinais, náuseas e outros sintomas de estresse e da já referida Síndrome de Burnout, caracterizada por perda de energia, distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, sendo sua causa intimamente ligada ao ambiente de trabalho.

Para o psiquiatra, o burnout é uma síndrome que se assemelha à figura de um fósforo queimado, ou seja, ele está ali mas não é mais útil. Segundo disse, o burnout é a consequência de um alto grau de estresse profissional que normalmente atinge pessoas que querem abraçar o mundo com as próprias mãos e se submetem à todas as exigências do meio, sem impor limites ou delegar, o que acaba levando o organismo à exaustão emocional em um primeiro momento e posteroirmente faz com que a pessoa percaa vontade e o prazer de estar no trabalho, tornando-se cínica, maltratando colegas, partindo para a agressão, já havendo relatos de suicídio em alguns casos.

Para o psiquiatra José Eduardo, este é um processo bem estabelecido em fases: o cérebro humano é preparado para suportar um determinado grau de estresse, como as condições em que está submetido no trabalho, mas também aquelas situações que exigem tomada de atitude, decisão, posicionamento, interpretação, que exigem que ele se aprimore.

O cérebro está preparado para isto e vai absorvendo, desenvolvendo o que chamamos de resiliência.  Segundo o psiquiatra, isto não é uma doença. No entanto, um cérebro submetido a um estresse constante não percebido passa da fase da resiliência para a vulnerabilidade. Explicando melhor, ele disse que é como se o cérebro ficasse superexcitado, como se algumas de suas regiões começassem a jogar contra a própria pessoa, deixando-a vulnerável e com a porta aberta para o burnout.

Foi feita uma pergunta para para Fialho, que é Gestor de RH: imagine que você tem um gerente muito exigente, crítico, alguém que entende que para o empregado render mais ele precisa ficar na cola dele, nunca elogiando, sendo autoritário e massacrante. Os colaboradores desse gerente começam a se estressar e apresentar sintomas. Daí vêm conversar com você. O que você faz? Manda que eles troquem de emprego ou troca o gerente?

A resposta de Fialho foi que tudo vai depender se o que está ocorrendo no departamento em questão é distresse ou hipoestresse, pois assim consegue-se perceber se o problema é do colaborador ou se sua gerência. Se o colaborador sofre distresse, há uma grande possibilidade da influência ser da gerência. 

Hoje, segundo ele disse, a liderança autocrática tem existido cada vez menos, mas caso for percebido que o gerente age com autoridade excessiva, se já falamos sobre isto, se já indicamos caminhos como ele deve agir e nada aconteceu, existe a possibilidade, sim, de se trocar esse gerente.

O psiquiatra José Eduardo disse que trabalha junto com o RH em programas de capacitação de liderança para gestores sobre como eles podem lidar mais tranquilamente com as dificuldades de seus colaboradores; se o gestor não se atenta para isto, as empresas já estão percebendo e se ele segue levando sua gestão sem observar esses sinais, isso acaba se voltando contra ele na forma de perda de rendimento devido a trocas de pessoas e treinamentos constantes; hoje os gestores estão mais abertos às questões de saúde mental, pois existem empresas especializadas em trabalhar junto ao Rh para oferecer melhores condições de trabalho, seja no campo psíquico, inter-relacional ou físico.

O psicólogo Cesar Fialho informou que existem no Brasil alternativas interessantes, como um grupo de psicólogos que o pessoal do telemarketing pode acessar através de uma central de atendimento. O psicólogo vai realizar uma escuta, para uma mudança de paradigmas.

Foi perguntado ao psiquiatra se é possível curar uma síndrome do pânico e estresse pós-traumático em 30 dias. A resposta foi que 20% dos casos apresentam melhoras significativas em 30 dias, mas pacientes com estresse pós traumático, como bancários assaltados na agência em que trabalham e nem conseguem mais sequer se aproximar do local onde o fato ocorreu, precisam de mais tempo, de um processo psicoterápico e até medicamentos. Ele citou o caso de um paciente que ficou no seu hospital-dia se tratando por oito meses.
 
O programa também mostrou uma matéria na saída de uma igreja evangélica: de forma geral, as pessoas disseram ser impossível evitar o estresse. Uma delas disse que com educação e compreensão pode haver uma saída. Um entrevistado disse que quando acontece uma situação ruim, ele sai, vai ao banheiro e respira cinco minutos para não estourar. Outro falou que ajuda muito orar e colocar Deus em primeiro lugar.

Segundo Fialho, quando o estresse não é causado pelo chefe, mas pela situação, pelo trânsito e pela vida com baixa qualidade, o ideal seria ter a sorte de algumas empresas, cujos colaboradores, por exemplo, moram próximo, já que essa questão do transporte, no ranking de estresse, é um dos mais fortes, sobretudo porque o trânsito, o mau transporte, o tempo em deslocamento, tudo pode estagnar uma pessoa que tinha a intenção de fazer um curso, uma faculdade, mas não consegue, pois gasta quatro horas só em trânsito, e nas piores condições.

Fialho disse notar que a maioria das pessoas é muito resiliente, pois observa que existem aquelas que leem cinco ou seis livros por mês, só no deslocamento. E dá uma dica: uma técnica para a motivar é fazer a pessoa se perguntar porque está passando por aquilo, porque está enfrentando aquele metrô todo dia, por tanto tempo. Se ela pensando em algo maior, em como concluir uma faculdade para trabalhar em determinada área, ajuda bastante na resiliência.

O psiquiatra disse que existem formas baratas e que podemos aplicar no quotidiano sem perder tempo e sem mudar demais o estilo de vida, como por exemplo: a simples respiração dentro de um ambiente com muita gente e muito barulho; a pessoa pode se dedicar a algum relaxamento respiratório com cuidado, sem nenhum conteúdo filosófico maior, pois apenas o  exercício adequado de respiração oxigena melhor o cérebro, controla a pressão arterial, reduz os batimentos cardíacos, melhora a temperatura corporal, acalma e relaxa.

José Eduardo disse ainda que alguns colegas seus foram morar no interior, mas se nós não optamos por isso e vivemos em São Paulo, por exemplo, trabalhando há duas horas de casa, precisamos desenvolver estratégias no trajeto e no tempo livre que tivermos dentro da empresa. É o caso de se perguntar: o que podemos fazer no tempo livre para controlar o estresse?

Para Fialho, muitas pessoas vivem no piloto automático, abrem os olhos, mas não acordam, vão fazer isto só no primeiro café, já na empresa. São pessoas que fazem tudo sem perceber, sofrem lapsos da memória, não sabem onde deixaram as coisas, pois nunca estão nelas mesmas. Sempre que formos fazer algo, precisamos pensar, verificar o que estamos fazendo, sentir o sabor das coisas na hora de se alimentar. O grande problema, um dos maiores males, é que nunca estamos no presente. Citou o caso da pessoa que vai a uma festa e se preocupa em tirar fotos para colocar no computador e ver a festa depois, sendo que já estava na festa e podia vê-la ali, no presente.

A professora Kellyn Cunha, gestora de RH, também participou com a pergunta: o estresse pode ser silencioso? No caso dela, como professora universitária e gestora de RH, só percebeu que estava estressada nos exames de check-up solicitados pela universidade. Fialho respondeu que o estresse no início é muitas vezes silencioso. O estresse não é uma doença em si, explicou, mas sim um sinalizador. Com certeza, segundo ele, em vários casos ele começa silenciosamente.

O Apresentador fez críticas ao check-up legal. Segundo ele, tem sido feito apenas para cumprir regra. O psiquiatra respondeu que na realidade, esse exame deveria ser feito para prevenir, explicando que sempre que se trabalha com uma gama muito grande de exames, direcionados para muitas pessoas, há uma contingência de exames negativos superior a 85%, mas nos casos em que se detecta alguma coisa e se intervém precocemente, investindo no tratamento, há chance de sucesso em vários sentidos.

Concluo que com o avanço das relações interpessoais, inclusive no trabalho, cresce a consciência de que nada se sustenta sem cuidado. Nem o planeta, ecologicamente falando, suportará toda pressão por produção sem um cuidado com sua preservação. Assim tem sido ultimamente com as pessoas. Já evoluímos da escravidão para o trabalho remunerado e deste para legislações protetoras da relação, permeando o respeito a limites humanos, até por uma questão simples de economia e sustentabilidade. Gente bem preparada, descansada e protegida de excessos pode produzir mais e melhor, vivendo em paz. Ou seja: trabalho existe para se viver melhor, em comunhão de interesses de quem presta o serviço e quem emprega seu capital.
É errado viver para trabalhar, enriquecendo uma minoria preocupada apenas com sustento de seus empreendimentos e morrendo de medo de perder o emprego ou não conseguir “sucesso” profissional. Isto, está sendo provado a cada dia, não se sustenta. Sem planeta e sem gente, nada feito. Desaparecerão todos os investimentos. Acabará a produção, não existirá consumo nem consciente, a roda não vai mais girar e tudo vai parar. O pensamento tem de ser holístico. Como colaborador, não posso perder de vista que meu empregador precisa lucrar para me manter, me desenvolver e me pagar melhor. Como empregador preciso pensar que sem qualidade de vida, meu colaborador desiste, morre, desaparece e meus lucros não podem ocorrer a qualquer custo, até porque não existirão mais.


Jairo Attademo
Gestão de RH - MBA - Unip










Qualidade de vida no trabalho: é possível?




Qualidade de Vida no Trabalho: um programa de longo prazo

A implementação de um programa de qualidade de vida no trabalho, como dizem muitos autores, não pode ser circunscrita a algumas atividades pontuais, como para demonstrar para clientes e comunidade que a Empresa é consciente e deseja que seus colaboradores tenham saúde e bem-estar.
A implantação de áreas de lazer pelos cantos da empresa, o envio de e-mails-marketing com mensagens edificantes, contratação de profissionais de ginástica laboral e massagistas, tudo isto, apartado de uma consciência profunda de que qualidade de vida é um conceito muito mais amplo, só servirá para mostrar a acionistas e comunidade que os colaboradores são assistidos.
Qualidade de vida no trabalho passa não apenas por um excelente programa de saúde preventivo, instalações confortáveis, acesso simples para todos, iluminação agradável, alimentação constante e saudável, atendimento psicológico e cestas de frutas e presentes. Qualidade de vida é mais do que tudo isso junto, somado a tudo isso.
A relação de chefes e subordinados deve ser pautada pelo respeito no trato, assim como na transparência quanto a objetivos da empresa, programas de capacitação, um plano de carreira bem definido, oportunidades de treinamento para a função e desenvolvimento profissional. Tudo o que pode, junto, tangível ou não tangível, reter e atrair talentos e como tornar mais ameno o dia a dia das atividades mais simples às mais sofisticadas, pode tornar a empresa um local de convívio aberto e feliz, sem utopia.
Evidente está que uma empresa que prioriza o bom convívio em um bom  ambiente, independentemente da envergadura do empreendimento, do número de seus colaboradores e do impacto econômico de seu ramo de negócios, pode se tornar competitiva muito mais rapidamente, pois será formada por pessoas que produzem com mais criatividade.  Criatividade e inovação são, hoje em dia, cada vez mais, as matérias-primas mais cobiçadas. E a soma de pequenos detalhes pode transformar um negócio, mesmo pequeno, em uma atividade extremamente prazerosa, com funcionários que buscam agir em equipe e comemorar bons resultados, sem a utopia de metas sem ousadia. Ou seja: para ser competitivo no ambiente altamente agitado do mundo de hoje,empresários de visão devem priorizar, no trabalho, para todos, em todos os níveis,  a prática de uma convivência harmônica que pode ser um divisor de águas na sociedade.

Jairo Attademo
MBA Gestão de RH - UNIP

sábado, 8 de dezembro de 2012

Viver e vender - aula na Fundação Oswaldo Cruz

O Mantelo não tem jeito.

Trabalhamos como treinadores de vendas há alguns anos e ele ainda se lembra de nossas viagens pelo Brasil.

Foi com ele que experimentei usar alguns recursos teatrais como usar máscaras de borracha e caveiras barulhentas,  recursos para descontrair em treinamentos tensos.

Criamos assim um personagem que, no mínimo, nos divertia e aos alunos: Professor Criatura, batismo feito pelo próprio Manta. Aliás, foi com ele que aprendi alguns hábitos refinados como fumar charuto. Não fumo mais, sei que faz mal, mas na época não fazia não.

Eis que o Manta, como o chamamos, é hoje, além de Gerente de Treinamento no Aché, emérito professor de Gestão de Vendas no curso de Pós-Graduação em Marketing Farmacêutico da Fundação Oswaldo Cruz.

Almoçamos juntos outro dia e ele cometeu o desatino de me convidar para uma palestra, hoje, sábado, 8 de dezembro de 2012, para seus alunos da pós.

Saí ao meio dia da minha pós na UNIP Anchieta, onde sou aluno no MBA de Gestão de RH para ir até à Barra Funda, onde fica o campus da Oswaldo Cruz. Pensei que iria, num sábado calorento, encontrar talvez, quem sabe, uns dez heróis assistindo aula. Achei, enganosamente, que os jovens de hoje, diante de um sabadão preguiçoso e lento, ficariam em casa se abanando, como eu faria se tivesse a idade deles.

Ledo engano. Encontrei uma turma grande de farmacêuticos, administradores, representantes, todos animados e se divertindo com o Manta. E isso logo após o almoço. O que é a juventude. Vi ali moças bonitas, uma até acompanhada da filhinha de uns 8 anos e alguns rapazes gente boa (não tenho o hábito de achar homem bonito, desculpem-me a parcialidade). Todos esperando aprender alguma coisa.

Claro, habituado a falar em público na empresa e fora dela, juntei toda minha história já longa na área de comunicação e vendas e parti para uma auto-apresentação que só não me fez rir porque conheço de sobra minha própria história desengonçada. Que bom, eles gostaram!

Minha preocupação seguinte fez as borboletas de meu estômago darem sinal de vida: será que consigo agregar valor a pessoas tão dispostas, tão jovens, porém já experientes?

Desandei a falar de coisas como sensibilização, uso da percepção para identificar estilos de comportamento de potenciais clientes, o que são esses estilos, o que fazem alguns compradores profissionais para desestabilizar vendedores e permanecerem no comando da situação, enfim, entrei pela seara de técnica de abordagem e fui assim a tarde inteira, olhos de todos pregados em mim e nenhum celular sequer vibrando.

Achei o comportamento deles muito especial, diferente do que vejo em outros locais onde deveria sempre haver respeito, humildade e atenção. E como anotavam. Tudo isso entremeado com sorrisos, vontade de aprender e ser melhor todo dia. Interagiram, participaram, mostraram vivacidade.

É, Mantelo.

Você não perde seu tempo e nem o de ninguém. Desculpem-me ser tão oferecido, mas se me convidarem de novo, para falar para pessoas assim, eu volto.


domingo, 6 de maio de 2012

Vida corrida.

Outro dia mesmo começava o ano e já ouvi, aqui, que estamos quase no meio dele. E o pior é que é verdade.

O que me consola é que sempre dá para aprender algo novo, como por exemplo, uma coisa que eu juro que não sabia: o coletivo de borboleta. Você sabia que é "paná-paná"? Pois é, nunca ouvi ninguém dizer: "veja, um paná-paná!"

Também gostei de dar risada com um vídeo bizarro, no Youtube, que explodiu de sucesso, sem que eu entendesse o por quê, mas pouco importa, eu dei risada também. Sim, o tal do "Pra Nossa Alegria", cantado por uma família de evangélicos, acho, desafinadíssimo... e colocam a culpa no menino do violão, que com sua cara de pau, resolve berrar o refrão. Gente, tem um milhão de covers do negócio.

Fico a pensar... como é engraçada a humanidade tem hora.

Eu mesmo resolvi gravar uma história de 20 segundos usando um aplicativo do iPhone, aquele do cachorrinho sentado lendo jornal. Coloquei voz no bicho, como muitos fazem. Na minha história, ele confessava que foi quem atirou o pau no gato, xingando a tal da dona Chicacá, "uma falsa" que depois que mandou o cachorro fazer isto ficou toda arrependida. Qual não foi meu espanto quando, um mês depois de publicado no Youtube, vi que mais de 220 mil pessoas acessaram essa brincadeira e colocaram comentários engraçados. Gostaram! Que coisa, isso.

Por falar em novidades, ouvi esta do meu filho: "sabe o que a bactéria disse ao chegar no pet-shop?" Fiquei pensando no que uma bactéria poderia querer em um pet-shop além de infectar os bichos. A resposta: "mitose".

Eu, que costumo dizer que são poucas as coisas que hoje me espantam (o que é perigoso, sinal de velhice, pois minha avó dizia isso e morreu há tanto tempo), espantei-me semana retrasada com as belezas do México, mais exatamente, com a beleza de Teothiuacán, a cidade das pirâmides, a alguns quilômetros da capital. Foi muito bom ir, fotografar, comprar esculturas de obsidiana (cujo nome levei duas semanas para aprender). Foi bom tomar sangrita, uma mistura, dentro da boca, de suco de tomate, suco de limão e.. tequila. Um tiro. Fora as margueritas. Acho que bebi em um dia o que não bebi o ano de 2011 todo. Quero registrar também a emoção quando vi de perto a Virgem de Guadalupe. É de emocionar, mesmo a um como eu. Fiquei fã, ou devoto, como desejem.

Agora, o que tem me tomado mesmo o tempo é o trabalho. Desculpem-me os reclamões da segunda-feira, mas que estranho... eu gosto de trabalhar, verdade. Sou anormal.
Dou meus cursos, participo dos workshops, curto as avaliações, fazer amizades. É legal.
Venho sentindo que meu tempo está cada dia correndo mais e chegando mais perto o paredão da aposentadoria. Não gostaria de parar. Aceito sugestões.

Depois desse resumo das coisas que me tocaram nos últimos dias, atrevo-me a dizer que ando enjoado de facebook e de temas como cachoeirices e corrupções. Vi, andando por aí, que existem milhões de esquemas corruptos aqui e fora daqui e que o Brasil não é o pior lugar nesse aspecto, apesar da barra ser pesada. Assim, me canso de ouvir que o problema é nosso. Não é, é global. O que se precisa fazer é combater sem dó, nem preguiça. Mas não estamos sozinhos nessas coisas não, nem de longe. Nem de perto.

E fui.

sábado, 7 de abril de 2012

O QUE QUE EU VOU DIZER EM CASA



Não, não inventei o programa O QUE EU EU VOU DIZER EM CASA. Tudo bem, coloquei o título, redigia, dirigia, gravava e editava, além de escolher os malucos que iriam gravá-lo comigo. Para quem não se lembra ou não sabe (o que é plenamente normal para os nascidos depois de 1980 e os não-moradores de Barbacena), esse programa foi um marco. Sem modéstia.

Como muitos têm ciência, fui um dos fundadores da FM SUCESSO, a primeira FM da região da Mantiqueira. Até então, nossa gente, naqueles idos de 1985, só conseguiam sintonizar a FM de Juiz de Fora. Som local mesmo, só de AM. Nada contra, comecei lá e gostaria de terminar lá também, mas quando se fala em som, principalmente naqueles idos, o caminho era FM.

Depois de muita, mas muita luta e muitos anos, o Hélio Costa conseguiu, enfim, colocar no ar sua sonhada rádio e eu estava lá, fazendo parte da história. E como se tratava do Hélio, vindo da Rede Globo, ex-diretor do escritório da platinada em Nova Iorque, aparições no Fantástico há mais de uma década com as mais empolgantes reportagens sobre ciência, o que não faltava nele era vontade de fazer coisas diferentes.

Depois de nos desafiar para criar a Retrospectiva do Ano (e que fizemos virar show), ele veio com mais uma: um programa no carnaval que retratasse as ocorrências policiais com humor, no estilo de A CIDADE CONTRA O CRIME, que a Rádio Globo apresentava todo dia.

Proposta colocada sobre a mesa, parti para a ideia. Chamei alguns malucos como eu, contadores de piada, imitadores e criadores de personagens. Arrisco-me a dizer que, de todos os convidados, o menos maluco era eu. Dinheiro para isto? Nenhum. O projeto que me coube não contemplava isto. Naquela época, aos vinte e poucos anos anos, o que eu queria era manter meu salário e acho que todos pensavam o mesmo.

No começo, nem patrocínio tinha. Posteriormente, devido à alta audiência (sério, tinha muita), conseguimos, por osmose, sem fazer força, um patrocinador exclusivo, que ajudava a pagar algumas despesas. Alguns participantes se metiam a fazer camisetas do programa para vender, só para divulgar. Lucro mesmo, pouco.

Só que aquilo dava um prazer incomensurável. O primeiro programa foi ao ar no carnaval de 1986, repetindo-se anualmente até 2003, creio. Os últimos já não tinham a minha participação.

Meu carnaval era esse programa, que ia ao ar de sábado à quarta-feira de cinzas, edição inédita às cinco da tarde e reprise ao meio dia do dia seguinte. Essa de repetir ao meio-dia foi ideia minha, porque dava um trabalhão danado editar aquilo tudo, desde as locuções, efeitos especiais, ruídos feitos dentro do estúdio, palavrões, tudo para transformar vinte minutos de programa em uma coisa engraçada.

Participaram comigo, entre um ano e outro do programa, os seguintes radialistas de humor irreverente: Tarcísio Santos (o Zé Rural), Gê Menezes, Pedro Gurgel, Cristovam Abranches, Sílvio Freitas, Jorge Velludo (o Tio Max), Evandro Voz de Paulo Francis, Rodrigo Madeira (o seu Janú), Jackson Nascimento, Zé Rubens, Ricardo Salim e Rogério Barbosa. Se me esqueci de alguém, queiram perdoar, faz muitos anos isto. No início a edição era feita pelo Toinzinho (Tom Mix), mas acho que a loucura era tanta que ele passou o estilete para mim.

Explico: a coisa não era digital como hoje. A edição era feita em gravador de rolo, utilizando caneta pilot, fita adesiva e estilete.  Eu ouvia cada trecho, colocava no modo de edição, rodava o rolo pra frente e pra trás a fim de tirar ruídos, buracos, conversas em off e inserir algum efeito ou música. Daí era cortar a fita em dois locais, retirar o excesso e colar uma ponta na outra com uma fita adesiva especial. Aprendi a editar de forma tão rápida, mas tão rápida, que às vezes cortei os dedos. É, dei meu sangue por esse programa...

O problema era entrar no ar exatamente às cinco. Era um tal de entrar atrasado, depois do intervalo comercial...É que começávamos a gravar por volta da uma da tarde, terminávamos a besteirada por volta das três e meia e tínhamos pouco mais de uma hora para transformar aquele monte de coisa lida aos gritos em alguma coisa limpa. Dava trabalho editar e por isto sugeri repetir a edição no dia seguinte ao meio dia, para valorizar. Fez sucesso. A do meio-dia, pelo menos, sempre saía pontualmente.

A redação eu mesmo fazia, com apoio dos amigos. Vinha um boletim da polícia militar, cópia do que o Soldado Valério lia na rádio, contendo as ocorrências do dia anterior: bebedeiras, tombos, brigas, bebedeiras, confusões, empurra-empurra, bebedeiras, furtos, roubos, facadas, bebedeiras e mais bebedeiras.

Depois de criado o roteiro (que eu começava a redigir de manhã), onde eu sugeria as encenações necessárias, vozes, paródias, poesias e músicas malucas, íamos (sem bebedeira alguma) para o estúdio. Terminada a gravação, o Toinzinho saía e me deixava às voltas com os rolos e rolos de fita pra editar.

O primeiro programa, lembro-me até hoje, foi um misto de apreensão e alegria. Fiquei no lado de fora da rádio esperando entrar no ar algo que não sabia se ia dar certo. O Hélio, com seu rádio de pilha e fone de ouvido, ficou por ali esperando para ouvir o que nem nós, nem ele, tínhamos feito na vida.

Quando o vi, sentado lá fora, dando gargalhadas até as lágrimas, tive certeza que deu certo. Daí pra frente, a liberdade de criação tomou conta e o que era para ser um programa policial com toque humorístico virou um programa de humor baseado em eventuais ocorrências policiais que apareciam ou a gente mesmo inventava, na falta de coisas mais criativas acontecerem. Ou era briga, ou era bebedeira ou eram as duas coisas. Aliás, se não fosse a cachaça, não teríamos matéria-prima.

A cara do humorístico mudou muitas vezes. No início, o prefixo era aquela música do Ultraje a Rigor, Cafajestes do Brasil. Depois passamos a usar outro, do Casseta e Planeta, "Eu tou Tristâo". Esse soltava um verdadeiro palavrão..."eu tou tristão, tou sofrendo pra c..."

Depois de uns três anos usando esse prefixo e ninguém falar nada (cheguei a pensar que ninguém ouvia), o gerente da rádio, Sr. Zezinho, irmão do Hélio, ouvindo-me editar, ficou horrorizado: "mas vocês colocam esse palavrão no ar?" Fazer o quê... já que fui questionado, o melhor foi responder a verdade: "quê isso, sô Zezinho, eu edito".

Uma das coisas mais engraçadas que aconteceu foi o lance do "mistral". Estávamos fazendo uma sátira sobre os banheiros químicos que a prefeitura colocou na praça e que viviam entupidos, provocando mais fedentina que as ladeiras urinárias da cidade. Ocorre que banheiro químico é pra fazer chichi, não para o número dois. Só que não contaram isso para alguns foliões, que, depois da cachaçada, usavam aquelas geladeiras azuis para se aliviar por cima e por baixo, aliás, por todos os orifícios que possuíam.

Pois fomos satirizar isso. No estúdio havia um tubo de desodorante daquela antiga marca "Mistral", que servia para molhar as faixas dos discos e eles tocarem sem aquele ruído.  Para fazer o som de alguém urinando no banheirinho químico, nos valemos de uma chaleira que havia por lá e uma lata de goiabada. Enchíamos a lata com a água proveniente da chaleira, enquanto gravávamos o som caindo no fundo da lata... “ aaahhhh... que bom fazer um chichizinho”... alguém, não sei quem foi, colocou o tubo de desodorante dentro da chaleira e o danado caiu na lata fazendo um ploft característico de número dois. E um gaiato, em plena gravação, soltou esta: “aaahhhh... como é bom soltar o mistral”... pronto, pegou. Colocamos isso no ar e as pessoas, na cidade, só falavam isto: “vou ali fazer um mistral e já volto.”

Uma das coisas que mais marcou o programa foi A CASA FIRMINO. Era uma propaganda fictícia, inventada pelo hoje Zé Rural por acaso, como muitas coisas boas são inventadas. Estava ele imitando um locutor de voz desanimada que havia na cidade, apregoando artigos totalmente incongruentes de uma certa loja que existia na cabeça dele.

Como ele tem por sobrenome FIRMINO, criamos uma loja com o mesmo nome:CASA FIRMINO, TUDO PRA VOCÊ, PRA MUIÉ E PRO MININO... e o Tarcísio, com um fundo musical desafinando, após ser apresentado entusiasticamente por mim, entrava horrorosamente desanimado: “oi gente, cá estamos nóis travês procêis, com a CASA FIRMINO, TUDO PRA VOCÊ, PRA MUIÉ E PRO MININO... temos ogiva nuclear, sandália havaiana, arroz, feijão, Passat, Voyage e supositório de pimenta...” 

Um comerciante local, de muita tradição, cuja loja era um arremedo de Casa Firmino, chegou a nos procurar para patrocinar a coisa. Disse: “mas vocês copiaram meu estoque todo, assim não vale”.

Um dia, um capitão da PM foi à rádio e pediu para ouvir o programa. Pensei: “hoje saio daqui preso”. Foi depois da estreia do programa. Claro que uma coisa assim, tão irreverente, no interior de Minas, anos oitenta, era para provocar reação. O capitão ficou ali, na redação, ouvindo tudo, acho que segurando o riso. A uma certa altura levantou-se, apertou minha mão, disse que estava tudo bem e saiu. Acho até hoje que foi rir lá fora.

Outro dia coloquei essa foto na comunidade Loucos por Barbacena, no Facebook. Li comentários de pessoas que não conheço, mas que me alegraram muito o coração. Chegaram a dizer que o programa lhes marcou a infância e adolescência.

São essas coisas que marcam. São essas marcas que alegram o coração das pessoas que nos fazem sentir, dentre outras tantas coisas, que vale a pena passar pela vida.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O PARADOXO DE NOSSO TEMPO - George Carlin

Recebi esse texto do amigo
José Helvécio.
 
 

Nós bebemos demais, fumamos demais, comemos demais, gastamos sem critérios,
dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e oramos raramente.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.

Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho.
Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos. Planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos. Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".

Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na despensa.

Lembre-se de passar mais tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre.
Lembre-se de dar um abraço carinhoso num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer.
Lembre-se de dizer "eu te amo" à sua companheira (o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, ame... mais, ame muito.
Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm lá de dentro.
O segredo da vida não é ter tudo que você quer, mas querer tudo que você tem!

Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado.

 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

MANUAL PARA UM POUCO DE FELICIDADE

Recebi esse texto hoje. Conceição Teixeira me enviou. Só uma amiga assim para acertar tão em cheio com o momento.

Não sei quem escreveu, pode ter sido ela, pois escreve muito bem.

Só que não assinou... acho que está tímida. De qualquer forma, agradeço pelo envio de tão belo texto.


MANUAL PARA QUE VOCÊ SEJA MAIS SAUDÁVEL E FELIZ EM 2012

Saúde:

1. Beba muita água, menos açúcar e menos sal
2. Durma 8 horas por dia;
3. Coma o que nasce em árvores e plantas, e menos comida produzida em fábricas;
4. Viva com os 3 E's: Energia, Entusiasmo e Empatia;
5. Ande de bicicleta;
6. Brinque com seus irmãos, filhos e netos;
7. Leia mais livros do que leu em 2011;
8. Sente-se em silêncio pelo menos 10 minutos por dia;
9. Arranje tempo para orar;
10. Faça caminhadas de 30 minutos por dia, e enquanto caminhar sorria.

Personalidade:

11. Não compare a sua vida a dos outros. Ninguém faz ideia de como é a caminhada dos outros;
12. Não tenha pensamentos negativos ou coisas de que não tem controle;
13. Não exceda. Mantenha-se nos seus limites;
14. Não se torne demasiadamente sério;
15. Não desperdice a sua energia preciosa em fofocas;
16. Sonhe mais e faça planos
17. Inveja é uma perda de tempo.
18. Esqueça questões do passado. Não lembre seu parceiro dos seus erros do passado. Isso destruirá a sua felicidade presente;
19. Não odeie.
20. Faça as pazes com o seu passado para não estragar o seu presente;
21. Ninguém comanda a sua felicidade a não ser você;
22. Tenha consciência que a vida é uma escola e que está nela para aprender. Problemas são apenas parte do curriculum, que aparecem e se desvanecem como uma aula de álgebra, mas as lições que aprende, perduram uma vida inteira;
23. Sorria e gargalhe mais;
24. Não necessite ganhar todas as discussões. Aceite também a discordância;
Sociedade:
25. Entre mais em contato com sua família e amigos;
26. Dê algo de bom aos outros diariamente;
27. Perdoe a todos por tudo;
28. Passe tempo com pessoas acima de 70 anos e abaixo de 6;
29. Tente fazer sorrir pelo menos três pessoas por dia; até os seus colegas de trabalho
30. Não te diz respeito o que os outros pensam de você;
31. O seu trabalho é UMA parte da sua vida

A Vida:

32. Faça o que é correto;
33. Desfaça-se do que não é útil, bonito ou alegre;
34. Agradeça sempre;
35. Por muito boa ou má que a situação seja.... Ela mudará
36. Olhe-se nos espelho e diga: - Eu posso !!!!
37. O melhor ainda está para vir;
38. Assim que acordar espreguice, estique o corpo e tenha um pensamento positivo
39. Mantenha seu coração sempre feliz.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Mais um texto que não é meu, mas que achei por bem reproduzir aqui

Tá Reclamando do Lula? do Serra? da Dilma? do Arruda? do Sarney? do Collor? Do Renan? do Palocci? do Delubio? Da Roseanne Sarney? Dos politicos distritais de Brasilia? do Jucá? do Kassab? dos mais 300 picaretas do Congresso?




Brasileiro Reclama De Quê?

O Brasileiro, muitas
vezes, honrando as exceções que a cada dia, graças a Deus,
aumentam, tem um comportamento mais ou menos assim:

1. - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.

2. - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas.

3. - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.

4. - Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura.

5. - Fala no celular enquanto dirige.

6. -Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.

7. - Pára em filas duplas, triplas em frente às escolas.

8. - Viola a lei do silêncio.

9. - Dirige após consumir bebida alcoólica.

10. - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.

11. - Espalha mesas, churrasqueira nas calçadas.

12. - Pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho.

13. - Faz "gato" de luz, de água e de tv a cabo.

14. - Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.

15. - Compra recibo para abater na declaração do imposto de renda para pagar menos imposto.

16. - Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.

17. - Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10 pede nota fiscal de 20.

18. - Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.

19. - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.

20. - Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.

21. - Compra produtos piratas com a plena consciência de que são piratas.

22. - Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.

23. - Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.

24. - Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.

25. - Freqüenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.

26. - Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos como clipes, envelopes, canetas, lápis.... como se isso não fosse roubo.

27. - Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.

28. - Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado.

29. - Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem.

30.. - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.

E quer que os políticos sejam honestos...

Escandaliza- se com a farra das passagens aéreas...

Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo ou não?
Brasileiro reclama de quê, afinal?

E é a mais pura verdade, isso que é o pior! Então sugiro adotarmos uma mudança de comportamento, começando por nós mesmos, onde for necessário!

Vamos dar o bom exemplo!

Espalhe essa idéia!

"Fala-se tanto da necessidade deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso planeta, através dos nossos exemplos..."

Amigos!
A mudança deve começar dentro de nós, nossas casas, nossos valores, nossas atitudes, NOSSOS PRINCÍPIOS..

domingo, 15 de janeiro de 2012

Toc Toc

Quem não tem algum tipo de mania? O Transtorno Obsessivo Compulsivo, TOC, é o nome técnico das manias e neuroses que são centenas. Isso pode ir de lavar as mãos duzentas vezes por dia a conferir outras mil se a torneira ficou fechada ao sairmos de casa. Ontem eu ri feito maluco assistindo TOC TOC, em cartaz
somente até o dia 28 de fevereiro no Teatro das Artes do Shopping Eldorado.
Um elenco ótimo e situações engraçadíssimas.
Demorei a ir, estava no Teatro Gazeta e agora no das Artes. Quem quer rir DEMAIS não pode perder isso por nada.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Deus e Eu. Parte II


Oi, Deus. Tomei a liberdade de conversar com o senhor de novo, depois de tudo o que o senhor me disse outro dia.  E como eu já sei como o senhor faz, não vou aqui ficar forçando respostas, tá bem?
-...
- Hoje eu fiquei triste e com medo, muito medo. Aliás, acho que nem foi medo, foi uma coisa ruim. É que estou sozinho em casa, sem ninguém pra conversar, com saudade dos meus que estão de férias. Estou também preocupado com meu filho, sabe Deus, ele é tão esforçado e está experimentando uma decepção. Ou eu estou. Coisa de vestibular, sabe Deus?
-...
- Ele esteve fora do país, aprendeu outro idioma, voltou pra cá, passou de ano, mas não foi lá super bem no vestibular como desejava. Escolheu uma coisa difícil, sabe? Acho que o senhor gosta de engenharia, não gosta? Os engenheiros constroem coisas, estudam os fenômenos, combinam forças, elementos e energias e mudam um pouco o mundo. É isso que ele deseja ser, mas é um pouco difícil, né?
-...
- Mas eu fiquei hoje muito preocupado, até chorei um pouco. Sabe o que é? Sou meio medroso, tenho preocupação com coisas que acontecem ou que nem acontecem, sem que eu saiba por que.
-...
- Vou explicar para o senhor: digamos que eu receba uma conta atrasada; odeio atrasar contas, pago tudo em dia, odeio ficar devendo, ficar com o que não é meu, sabe? Aprendi isso com meu pai, muito bravo. Ele me dizia que o que é meu é meu, mas o do outro é do outro e eu levo isso a sério.  Estou certo, não estou?
-...
- E quando aparece um aviso me ameaçando com um tal de SPC? O senhor sabe o que é isso, não sabe? Como sujar o nome da gente assim, de graça, sem que a gente sequer sabia que tinha uma conta atrasada? E de dez reais! Mixaria, né Deus?
-...
-  Morar em condomínio é isso, algumas contas não aparecem na caixa e a gente ainda quase fica de nome sujo. Por isso coloquei tudo no débito automático. Seu filho disse aqui um dia que é para darmos a César o que é de César. Eu sou César de nome, mas não faço muita questão que me dêem minhas coisas não... tomo prejuízo que só vendo. Melhor do que prejudicar os outros, o senhor não acha?
- ...
- Ah, tá bem, esqueci que o senhor prefere ficar quieto quando eu desato a falar.  Desculpe estar incomodando, mas é que hoje eu, mais uma vez, fiquei encucado, com medo de perseguição.
- Esse medo me acompanha há tanto tempo, Deus... já gastei alguns milhares de reais em terapia, mas não melhorou muito não, ajudou. É que qualquer comentário negativo sobre mim, qualquer crítica, qualquer notícia ruim, tudo eu acabo me colocando como o culpado número um por ter acontecido. Isso é meio loucura, não é Deus?
-...
- Por exemplo, hoje o telefone da empresa não aceitou que eu ligasse para meu próprio celular... uma mensagem estranha dizia que meu número foi bloqueado.  Me deu um medo... comecei a pensar no que eu teria feito de errado sem querer, para meu número ser bloqueado. Afinal, por que senti isso? Tenho certeza que tudo o que faço é certo, quero fazer bonito. O senhor sabe me dizer se é mania de perseguição?
-...
- Tá bem... sabe, Deus, meus amigos me disseram que isso é defeito e o técnico disse que essas coisas têm acontecido ultimamente com outras pessoas. Mas não consegui ter sossego. Que sofrimento eu carrego sendo assim, meu Pai. O senhor não tem pena de mim?
-...
- Tá bem, desculpe de novo. Estou falando feito matraca outra vez. Fui ao Centro Espírita, pra ver se recebia um passe, mas cheguei atrasado,  chuva, saí tarde da empresa... a moça de lá já me recebeu se despedindo... a sessão havia acabado mais cedo e eu cheguei tarde. Culpa minha, não é Deus? Eu sei que foi culpa minha.
-...
-  A moça me olhou e disse que eu estava com uma cara triste. Ela nem me conhece direito, mas disfarcei e disse que não era nada. Não queria incomodar uma pessoa que já estava se preparando para sair. Ela é tão simpática e deve ter coisas à beça pra fazer, não é Deus?
-...
- Cheguei em casa sozinho, claro, fiz um miojo e tomei um calmantezinho pra desacelerar o coração, faz bem, o senhor não acha?
-...
- Liguei para minha família... falei da minha aflição à minha esposa que, coitada, já me conhecendo como poucos, respondeu: “ já vai começar de novo, né?”
- Ah, meu Deus, como eu gostaria de não ser assim, de achar que essas coisas acontecem com qualquer um, que meu filho tem o direito de nem sempre ser vencedor absoluto...
- Eu tenho certeza que nunca me aproveitei de nada que não fosse honesto... estou certo, não é Deus? E se fiz alguma coisa meio errada num passado distante, já paguei com juros, isso estou certo. E se ainda faço, é de bobeira pura.
-...
- Sentei no sofá da sala e me abracei. Foi ali, quieto, com  um pouco de medo, que me acalmei. Fui buscar o senhor dentro de mim, como o senhor me ensinou outro dia, para ver se esse fogaréu de medo refrescava um pouco.
- Deu certo, sabia Deus? Comecei a ter umas sensações boas, daquelas que vêm sem palavras, mas que fazem muitas coisas ter sentido. O problema é que minha cabeça continuava ciscando no medo. Quando eu vou me livrar de vez  disso tudo, Deus?
- ...
- As pessoas que convivem comigo nem imaginam que sofro desses assaltos que  me tiram do foco. Disfarço bem. Acho que já falei muito. Desculpe se lhe incomodei de novo. Acho que vou dormir, o remédio está fazendo efeito.
- Você não me incomoda. E não vai dormir agora, já que me chamou.
- O senhor falou comigo de novo? Que legal!
- Eu já falei quando você estava lá no sofá. Agora estou apenas usando palavras. E desejando que as divida com mais alguém que possa precisar.
- Obrigado, Deus.
- Aquiete-se sem pensar em nada. Deixe-me dizer umas coisas.
- Claro, deixo sim.
- Então deixe. Sossegue.
- Opa.
- Opa digo eu. Acalme-se ao menos um minuto e acredite que estou dentro de você e nunca saí daí.
-...
- Filho meu, seu dia foi normal. Você é pago para produzir e fez isso hoje. Você é pago para resolver problemas e criar soluções e tenho certeza que fez isso hoje de sua melhor maneira. Sua vontade é acertar.
- O seu problema é ficar seguindo o que disse o Sartre, aquele francês que andou por aí no século passado e falou uma coisa muito interessante: “o inferno são os outros” .
- Você vive nos outros. Aliás, você não vive, você sofre nos outros. Só existe uma coisa quanto aos outros que deve ser levada em conta: não fazer a eles o que não quer que eles lhe façam.
- Você tem seus demoniozinhos e anjinhos aí dentro. Eu fiz você assim, mas só sobrevivem aqueles que você alimentar. Você já leu isso algumas vezes.
- Você fala demais. Julga os outros quase o tempo todo. Quantas vezes lhe peguei se arrependendo de julgar no exato momento em que julgava? Bom, pelo menos isso é  sinal de que está se vigiando.
- O problema é que, com isto, você acha que os outros estão o tempo todo lhe julgando e com os mesmos valores que traz consigo e que lhe denunciam, condenam e lhe jogam na prisão sem direito à defesa. Eta imaginação fértil essa que lhe dei, mas como é mal administrada!
- Acalme-se. Ficar sozinho em casa é uma boa oportunidade para conversar comigo. Eu sempre vou lhe responder, mesmo que não use palavra alguma, você sabe que o fluxo de calor e alegria que conseguimos atingir juntos é impressionantemente agradável. É bom de verdade. Lembre-se do sofá.
- Nossos filhos, e eu os tenho aos bilhões, se decepcionam todos os dias e aprontam também...isso é crescimento, é experiência. Quantas vezes você já se decepcionou de verdade? Não estou falando de neuroses provocadas pela influência da sua atual condição, estou falando de sofrimentos reais... vai me dizer que não se decepcionou quando seu primeiro filhinho, com apenas um dia de vida, voltou para a pátria de onde veio?
- Você acha que eu não fiquei triste por você e por sua esposa? Claro que fiquei, mas afaguei o menino de forma ainda mais forte e o vejo todos os dias se tornando um ser de luz. Na época você  quase morreu de falta de ar porque não sabia nem chorar.
- Até agora você não entendeu o que houve. Um dia, quando você menos esperar e deixar que eu fale dentro de você, a compreensão virá. E acredite, compreender é muito melhor que entender, falei isso da outra vez.
-  Esse momento que seu filho está experimentando nos estudos  é crescimento. Cabe a você deixá-lo crescer, sem estragá-lo com pena. Apoie-o, curta-o e respeite-o. Ele tem seu tempo e sua vida. Você está aí para ampará-lo, não julgá-lo, pois eu não faço isso com você.
- Buscar ajuda no centro espírita não é mau negócio, mas buscar pena dos outros é inútil. O máximo que você vai conseguir é fazer uma pessoa de bom coração se preocupar por não poder lhe devolver a alegria, pois vê a tristeza de seus olhos e nada pode fazer, sabe por que?
- Porque sem me acessar, nenhum apoio externo é válido. Acesse-me como já aprendeu a fazer e a ajuda externa, os passes, a confissão, a terapia, o joh-rei, o sal grosso e até mesmo o remedinho controlado que você anda tomando, lhe poderão ajudar. Mas é só ajuda.
- A verdade mesmo vem é de dentro, vem de mim, que lhe fiz, que moro dentro de você e dentro dos que podem lhe ajudar. Só que se sua mente não sossegar, se sua conversa interna não se acalmar, eu fico esperando dentro de você e dentro de quem quer que queira lhe ajudar, por maior que seja a boa vontade da pessoa.
- Que medos são esses das contas atrasadas, das mensagens na caixa de correios, das gravações do telefone, dos recados urgentes ou de spams no e-mail? São medos de coisas que você até pensou em fazer, mas acredite, NÃO FEZ.
- Demoniozinhos e anjinhos convivem aí dentro, já lhe disse, para que você possa fazer suas escolhas com seu livre-arbítrio. Eu estou o tempo todo lhe aquecendo, mas desde que me acesse, que respire fundo, feche sua porta como ensinou me filho Jesus e ore em seu aposento, que é seu interior, o melhor lugar do mundo.
- Nesse momento, demoniozinhos e anjinhos se aquietarão, pois uma voz mais alta e sem palavras vai se levantar e colocar água fresca nessa fervura de medos, ansiedades, neuroses, preocupações e remorsos.
- E não espere que essa sensação gostosa dure para sempre sem esforço. Você não consegue segurá-la racionalmente, mas só com o coração. E essa sensação não se mede em minutos, pois eu não trabalho com o tempo. Isso para mim não existe.
- Sinta o impacto da felicidade que eu lhe dou, como a força de um relâmpago. Como fiz ali no sofá. Veja o tamanho de seus atos e deixe de se achar onipresente e onipotente, isso é para mim.
- Pratique o desapego, pois seu medo é de perder o que não lhe pertence. Nada é seu, lembra-se?  Eu lhe emprestei tudo e não lhe contei nem vou lhe contar quando vou chamá-lo de volta. E pelado. E sozinho.
- Depois de tudo isso, ainda vai perder a chance de ver as belezas que existem aí por causa de cartas de cobrança, manias de perseguição ou porque “os outros” de Sartre pululam dentro de você?
- Você verá que sua vigilância que alimenta os anjinhos e leva a inanição aos demônios faz sua luta ser profícua. Nesse momento, você vai perceber que o universo não se prejudicou por nenhum ato seu. Você é só você, nada mais.
- Não se culpe por pensamentos esquisitos e eventuais fantasias. Isso é coisa da mente. Ela foi criada para isso. A maior virtude está em não fazer a ninguém o que não quer que lhe façam. Se isso está em dia, deixe que se abra uma janela para sair esse fluxo de neurose e entrar uma lufada de ar fresco que eu conduzo para dentro de você. É um instante só. É um pequeno momento no qual você se dá conta de que só está neurótico porque quer, porque o “inferno é o outro”.
- Haja o que houver, seja o que estiverem fazendo com você, viva. Meu filho mais perfeito, que não precisava descer à carne a não ser para ensinar, foi caluniado, cuspido, machucado e é pura Luz. E me dá tanta alegria.
- Isso é o que eu desejo para você, mas não posso abrir mão de inseri-lo nesse turbilhão de coisas. Apenas aconselho: não se apoquente com o que não é real,  porque de realidades e sofrimentos a vida já tem um quinhão bastante competente para ser balanceado com as maravilhas que também estão aí.
- Escolha ser feliz. Faça isso quando estiver com medo dos “outros”, porque se seguir a única lei que realmente vale, você  não terá motivos para ansiedade. Viva como os lírios do campo que não tecem nem fiam, mas que se vestem melhor que Salomão. Aliás, nessa passagem meu filho Jesus mandou muito bem.
- E vá a um parque de diversões, assista uma comédia, encare um sorvete daqueles enormes e faça uma reflexologia, tudo isso de uma vez. E na hora em que estiver dando risada pra valer, lembre-se que estou dentro de você me divertindo.
- Senhor, estou sem palavras. Acho que vou dormir sonhando com essas coisas.
-...

domingo, 8 de janeiro de 2012

Eu e Deus







Outro dia li um livro onde o autor conversava com Deus.  E como falavam. 
Perdi a conta de quantos diálogos maquinei comigo ou com minha mente nessa vida.
 Como gosto de escrever,  resolvi também reproduzir meus diálogos resumidos com Deus. Se Neale Donald Walsch, autor de “Conversando com Deus” achar ruim, paciência.
Espero que ele tenha compaixão por um sujeito que se mete a escrever mas não tem, nem de longe, a pretensão de ser um escritor como ele. Vamos à conversa, então.

- Olá Deus. Tudo bem?
- ...
- Er... desculpe incomodá-lo, mas o senhor não me respondeu.
- ...
- Tá bem, desculpe. Acho que não estou sendo conveniente, não é?
- ...
- Não é?
- ...
- Hm... vou tentar de outro jeito: Pai nosso, que estás no céu, santificado seja vosso nome...
- ...
- Seja feita vossa vontade...
- ...
- Nossa... devo estar fazendo algo errado. Pelo jeito,  o Senhor, nesse silêncio todo, só me leva a concluir que os agnósticos estão corretos. Ponto final.
- ...
- Eu disse PONTO FINAL.
- ...
- Lá lá lá... não estou nem aí... lá lá lá... não quer falar, não fale.
- ...
- Sabe o que é? Não vou esperar resposta nenhuma, vou falar assim mesmo... ando encucado com um monte de coisas: porque existimos, porque estamos aqui, porque somos tantos num planeta que não suporta mais a gente, porque nunca sabemos se há mais alguém nesse espaço todo que dizem ser infinito... aliás, deve ser infinito mesmo, porque se tiver um fim, o que haverá depois?
- ...
- Por que o senhor fez a gente?
- ...
- Já sei, pra não ficar sozinho...
- ...
- Mas se o senhor é tudo, não precisava de companhia.
-...
- Aliás, eu não acredito que o senhor seja do jeito que me ensinaram no catecismo, sabia? Aquele senhorzão barbudo, sentado eternamente num trono lá no meio das nuvens, mandando raios e trovões, castigando quem não vai à missa aos domingos, monitorando palavrões que os menininhos feito eu aprendiam a falar, tomando conta do que fazíamos escondidos brincando de cabra-cega com as meninas, comendo hóstia, furando besouro com agulha...transando com galinha... não que eu fizesse isso, mas o que vi de menino fazendo isso na roça... e as coitadas morriam depois. Será que aqueles meninos, hoje pais de família, já estão com suas vaguinhas no inferno?
- ...
- E quer saber mais? Não acredito nessa história de diabo não. Aqui na terra tem tanta igreja que fala no diabo! Outro dia escutei num programa de tevê um sujeito que falou a palavra diabo umas cem vezes e a palavra Deus umas quatro.
-...
- Por que será que o senhor iria criar ou permitir que um outro ser fosse tão poderoso como o senhor e levasse suas alminhas, filhas suas, para um lugar calorento, cruel, por toda a eternidade, só porque faltaram a umas missas no domingo ou falaram meia dúzia de palavrões ou transaram com algumas cabritinhas? Explica isso pra mim, por favor. Eu espero.
- ...
- O mundo é cheio de coisas que se mexem, cheio de bichos feios, pequenos e grandes, alguns até venenosos, todos comendo uns aos outros. A natureza, quando a gente vê naqueles documentários da discovery, mete um medo danado... por que o senhor criaria uma coisa assim tão violenta?
- ...
- Tá bom, pode ficar caladão aí, eu sei que não mereço resposta mesmo, sou um bostinha n’água... um coitado... um nada... o senhor não tem pena da minha insignificância, nem vai me mandar, pelo menos, calar a boca?
- ...
- Agora eu vou pegar pesado então: por que minha sobrinha, de apenas seis anos, teve de ir dormir chorando outro dia e eu tive de lhe contar historinhas malucas para distraí-la, porque estava ela morrendo de medo da retrospectiva de 2011? Por que o senhor deixou tantos barrancos desmoronarem, tantas pessoas morrerem, tanta chuva exagerada, tanto acidente, tanto crime?
- ...
- Ah...pergunta clássica:  por que uns nascem aleijados, faltando membros, outros nascem em berço de ouro, uns nascem na Somália e outros no Canadá? Por que existem baratas, pulgas, amebas e bactérias que provocam doenças?
- ...
- Tá bom, não tem resposta... então por que a lavadeira que cuida da minha roupa teve uma filha com paralisia cerebral  que morreu aos treze anos depois de uma luta danada sendo levada pela mãe no colo pra baixo e pra cima? E por que a mãe dela, antes mesmo da menina morrer, pegou lupus e está que quase não consegue mais trabalhar pra sobreviver?
- ...
- Eu falei que tinha muitas dúvidas... porque os políticos exploram os eleitores, que votam neles em troca de dentadura? E por que eles continuam cada vez mais ricos e poderosos, enquanto nem a verba para as enchentes e desastres é levada para onde precisa?
-...
- Tem mais... por que crianças morrem, por que morreu o Betinho, que mesmo com AIDS, fez uma campanha que juntou toneladas de comida para os pobres e por que permanecem vivos uns certos políticos que só sabem desviar para si o dinheiro do povo? Por que o senhor deixa isso acontecer?
- ...
- Quer saber? Desculpe se estou sendo grosso, mal-educado ou o que for, mas não acredito que a gente tenha sido feito sob sua imagem e semelhança. Tem muita coisa diferente só aqui na terra mesmo, pra que o senhor tenha feito apenas um ser parecido com o senhor.
-...
- Nem provocando eu consigo fazê-lo falar... pois eu acho que a gente é só uma mistura de acasos, moléculas que se juntaram numa dança magnética que deu no que chamamos de vida e que vai acabar num estalo. Ou quando o sol inchar e torrar essa coisa toda. Ou quando os talibãs conseguirem suas ogivas nucleares e as apontarem para o ocidente.
- ...
- E fica todo esse povo rezando, olhando pra cima... que cima... que baixo... não tem em cima, não tem embaixo, é tudo a mesma coisa... estamos numa bolinha de nada, um cisco de coisa nenhuma, rodopiando no meio de um monte de outras muito maiores e muito menores, tudo girando num espaço que mistura tudo. E deu.
- ...
- E tem outras coisas...  tudo nasce e morre, tudo...e a gente ainda tem consciência de que vai morrer, que vai acabar... inveja do macaco que não sabe disso!  Pra que sofrer desse jeito, pra que essa busca desenfreada pela sobrevivência, se no fim vai acabar tudo mesmo?
-...
- Nunca vi ninguém que morreu voltar pra contar se está vivo em algum lugar. Morreu, acabou. Igual quando fui operar outro dia e tomei uma anestesia geral. Não vi nem senti nada, coisa nenhuma. Foi um silêncio só. Quando voltei, me disseram que se passaram mais de duas horas e eu nem tchum. Morrer deve ser isso, com a diferença que nesse caso eu voltei e nem sei o que aconteceu.
- ...
- Tem gente que diz que fala com o senhor. Outro dia vi um filme no qual o senhor emprestou seus poderes a um homem e ele bagunçou tudo. Num outro, sei lá o nome,  as pessoas iam para a Índia e conseguiam atingir um tal de nirvana e diziam estar com o senhor... li uns livros de um tibetano meio falsificado que dizia que na meditação conseguia ver a aura dos outros e até adivinhar o que estavam pensando. Lá na Índia mesmo tem um que diz que adivinha os sonhos dos outros e faz curas. O que o senhor me diz disso?
-...
- Tá bem, não precisa dizer nada não... outro dia eu conversei com umas pessoas da umbanda e elas me disseram que conversam com espíritos. A mesma coisa me disse um amigo espírita que eu tenho. Ele disse que vê coisas e até conversa com as almas. Eu nunca vi nada. A única coisa que eu sei é que as pessoas morrem de medo desses assuntos. Afinal, isso é verdade ou não?
- ...                              
- Tá bem, não falo mais nada. Vou me aquietar. Acho que já reclamei muito... ah, só uma coisa, a Bíblia. Foi o senhor mesmo que escreveu? Fala sério.
- ...
- É, porque aquilo lá é um livrão. Confuso que só vendo. Na primeira parte, é só história dos judeus. Tem uma passagem em que o senhor testa a paciência do Jó, coitado, a ponto de deixar o sujeito na miséria só pra provar que ele amava o senhor. Não gostei daquilo não. Tem outra parte em que Moisés vai lá pro alto e volta com as tábuas da lei escritas pelo senhor. Por que só naquela época o senhor escrevia? Parou agora?
- ...
- E o novo testamento, que conta a história de Jesus?  Uma porção de milagres e ressuscitações que  só aconteceram naquela época. E os quatro evangelhos, que só foram escritos um tempão depois que Jesus morreu? Iimagina o boca a boca que foi aquilo até alguém resolver escrever alguma coisa? E fiquei pasmo quando soube que os evangelistas não eram exatamente Lucas, Marcos, João e Mateus, mas um monte de gente que resolveu colocar o nome deles lá.
- ...
- Ah, eu disse que ia ficar quieto mas não consigo... foi descoberto outro dia que os fatos narrados nos evangelhos não coincidem com os fatos históricos. Por exemplo, não houve censo algum naqueles tempos, não há notícia de nenhuma matança de inocentes, nada disso está registrado na história oficial... chegam a dizer que Jesus nasceu no ano 6 depois de Cristo, como pode? Ele nasceu depois dele?
- ...
- Falei muito, né? Acho que vou me calar. Acho que se eu continuar vou acabar ofendendo muita gente que ler isso. Como sei que o senhor não vai me responder diretamente, como fez com o Neale Donald Walsch... vou me retirar.

- Não, fique aí.

- Como? O senhor falou comigo?

- Não sei, o que você acha?

- Eu não acho nada...

- Acha, sim... achou tanta coisa lá em cima, olhe só quanta coisa você achou.

- Desculpe, eu...

- Desculpa nada. Que desculpa? Você falou alguma mentira?

- Não sei... falei o que andei lendo, o que andei concluindo, o que andei vendo e andei pensando, só isso, não me leve a mal.

- Levar a mal? O que é exatamente levar a mal?

- Não acredito que o senhor esteja falando comigo... isso só aconteceu com Moisés, Maomé e Jesus.

- E o Neale Donald que você citou.

- É...

- Eu estou dentro de você e acho que você já ouviu muitas vezes falarem sobre isso.

- É, mas...

- Cale-se agora, pois quem vai falar sou eu.

-...

- Cale a mente também, não só a boca.

- ...

- Você não está calado como eu preciso que esteja.

- Como fazer isso?

- Não pergunte. Apenas ouça e não conclua nem raciocine sobre nada. Respire fundo. Aquiete-se. Acalme esse espírito que fiz e onde estou dentro.

- ...

- Shhhhhh....

- ??

- Shhhhhh.... silêncio... respirando... está tudo escuro.

-
- Muito bem. Eu estou dentro de você e nunca saí daí. Eu estou dentro de todos e sou todos ao mesmo tempo. Toda vez que tentam me definir, vocês estão usando o maior milagre que consegui criar: o livre-arbítrio. E toda vez que me definem vocês me criam. E isso é falso, pois vocês não podem me criar, eu os criei. E crio. E sustento.

- Toda definição de mim é feita com palavras e eu as estou usando aqui porque, por ora, não há forma melhor de vocês me entenderem. A palavra é um dom de sua espécie que permite um pouquinho mais de aproximação do que eu sou. Mas não se esqueçam: toda criação pode falar. Alguns seres o fazem de forma mais rudimentar, mas fazem.  Eu estou em todos.

- Não há tamanho que defina a superioridade de qualquer um dos seres que se manifestam nessa terra. Todos, infinitamente todos, têm a mesma importância, o mesmo tamanho. A terra é pequenina como um grão de areia... mesmo o maior dos planetas, milhares de vezes maior que ela, é miseravelmente pequeno porque tudo é infinito. Portanto, não há tamanho, não há distância. Não é assim que se define o que é mais ou menos. Porque não há mais ou menos.

- Suas dúvidas são simples, como simples ainda é você. Ver o mundo do jeito que você vê é o que você pode fazer por ora. Você vive em três dimensões. Tudo aí se resume ao número três:  altura, largura, profundidade... passado, presente, futuro... alto, médio, baixo... esquerda, direita, centro... pobre, remediado, rico... bonito, aceitável, feio... preto, cinza, branco... sim, não, talvez.

- Você não pode ver nada nem concluir nada diferente das coisas que me disse. Por isso não sei como poderia levá-lo a mal.

- Sua essência, você de verdade, criada por mim e parte de mim, está confinada, por enquanto, a essas dimensões. Sua mente, criada para servi-lo nesse estágio que dura para mim apenas alguns milésimos de segundo, para usar o instrumento que você pode entender, que é o tempo, é mesmo feita para lhe causar esses embaraços, para que você possa pensar, concluir, indignar-se, revoltar-se contra mim e contra todos, conformar-se, aceitar, experimentar.

- Esse turbilhão de acontecimentos, da tragédia à comédia, do desmoronamento à reconstrução, do egoísmo ao altruísmo, do preconceito à aceitação, da arrogância à humildade, do caos à ordem, da seca à enchente, da miséria à opulência, do sonho ao pesadelo, da sobrevivência à defesa, da doença à cura, do nascer ao morrer, tudo é feito para ser experimentado. E confundido.

- Nada está errado. Questionar já é o maior sinal de evolução. Tudo o que se move é sagrado, disse o Beto Guedes num momento em que me ouviu, ao fazer o silêncio que pedi a você que fizesse. E tudo o que não se move também, mas isso ele não disse pois saiu do silêncio muito rapidamente.

- Durante essa rápida experiência de três dimensões que você está vivendo,  aproveite alguns momentos de paz que lhe dou para prosseguir. Observe o absurdo dos absurdos que é a borboleta saindo do casulo. Você já viu uma coisa dessa acontecendo? Aproveite para ver a flor se abrir. Você já parou para fazer isso uma vez que seja? Não é no tamanho das coisas que o milagre acontece.

- Durante esses momentos rápidos de idas e vindas à essa terrinha, aproveite para respirar fundo, sentir o calor do fogo, ouvir a canção dos grilos, embalar um bebê. São  canduras que coloco no meio dessa imensa confusão.

- Aproveite e suba nas árvores, procure as laranjas. Aprenda a tecer uma rede e amarre-a entre duas árvores para dormir. Aproveite o riacho ao lado para despertar desse sono.

- Mesmo nos mais áridos desertos, coloquei uns bichinhos engraçados para viverem e serem observados.

- Não se preocupe. A vida não é para ser fácil. Nunca disse que seria. As belezas estão aí, como estão as tristezas.  Eu estou no contraste. Estou na dor, estou no que aparentemente é injusto. Você chegou a um estágio que lhe dá condição de questionar, de perseguir uma resposta que não há. Ainda.

- Sinta-me no silêncio das coisas que não se explicam. Sinta-me no momento em que sua mente se aquieta, quando suas palavras não conseguirem explicar suas dores e aflições.

- Sinta-me quando alguma coisa sem explicação acalmar seu coração como uma anestesia parecida com aquela de sua cirurgia, mas que lhe mantém acordado.

- Sinta-me quando as cores e os cinzas da vida voltarem a mexer com seus sentimentos, quando os contrastes das dores e amores lhe impulsionarem a viver.

- Sinta-me quando questionar as coisas.

- Ouça minhas palavras quando elas não forem palavras, mas um impacto de força que lhe dá a compreensão, não apenas o entendimento.

- Ouça-me em seu absoluto silêncio, na ausência de qualquer pensamento, no intervalo de sua respiração e no espaço entre palavras e letras.

- Ouça-me pois lhe direi que nada acontece para o mal.

- Ouça-me sozinho, em seu interior, pois só ali estarei inteiro para você, como estou inteiro para quem me quiser acessar.

- Ouça-me calando-se e aceitando seu livre-arbítrio, responsável por muitos dos desequilíbrios que você vem observando nas suas, por enquanto, pobres três dimensões.

- Ouça-me, com ouvidos de ouvir, que chegará a hora em que dimensões completamente diferentes se abrirão e você poderá, muito mais que entender, compreender as dores e viver os amores.

- ...

- Hein? Senhor? Que aconteceu?

- ...

-  Como é mesmo esse negócio de amores em outra dimensão? Acho que perdi alguma coisa...

- ...

- Senhor?

-...

- Senhor?