sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Tietagem



Acho que entendo a tietagem, exceto o desespero de algumas fãs quando chegam perto de seus efêmeros  ídolos. Mas entendo a tietagem.

É interessante ficar próximo, passar perto ou ver, mesmo de longe, alguém que você lê assiduamente, ouve no rádio ou vê na TV. É curioso, no mínimo.

E quando o famoso que a gente vê é também alvo de nossa mais genuína admiração pelo seu trabalho? É bem marcante.

Confesso que, apesar da minha notória expressividade (quem me conhece sabe do que estou falando), sou um tímido sem conserto. Muitas vezes me pego sem saber onde colocar as mãos quando estou perto de algum famoso, especialmente quando ele ou ela é, mesmo, uma celebridade por seus feitos e não apenas uma coisa fabricada. Mesmo perto destas já fico desconsertado, que dirá daquelas.


Não foram muitas as vezes que conversei com celebridades. Para um cara de cinquenta anos, dez deles dedicados ao rádio, teatro e jornalismo, minha atitude diante de celebridades é sempre um embaraço. Por isso a imensa vontade de estar perto e a maior ainda vergonha de encher a paciência deles.

Tenho receio de provocar no alvo de minha admiração algum tipo de reação hostil, perfeitamente possível. Afinal, são seres que, apesar da fama e do talento, respiram o mesmo ar que nós, anônimos.

Acho que tenho mais receio de minha própria reação à eventual hostilidade. Ela poderá ser um misto de tristeza e rejeição, misto que me levará ao abandono de toda admiração, trocada que seria por uma até aversão.

Como não quero incomodar pessoas potencialmente incomodáveis e nem colocar em risco minhas admirações, fico no meu canto e procuro mostrar à celebridade que porventura esteja próximo de mim, sentada na poltrona ao lado, no avião ou no banco do aeroporto, que ela pode ficar à vontade, não vou
"agredi-la" com papo furado.

Só por curiosidade, relaciono aqui celebridades de diversos ramos, com as quais interagi por força do trabalho ou pelo menos passei perto um dia, mas que me causaram algum tipo de emoção.

Políticos:
Magalhães Pinto, Aureliano Chaves, Itamar Franco, José Sarney, Antônio Carlos Magalhães, Rafael de Almeida Magalhães, Paulo Brossard, José Bonifácio Lafayette de Andrada. São poucos, graças a Deus, alguns até jáse  foram, menos o Sarney. Ah, e Marina Silva, Hélio Costa e Luiza Erundina.

Sumidades:
Emeric Marcier (pintor romeno com quem conversei um dia), Sobral Pinto (jurista histórico nascido em minha terra que um dia entrevistei), Mário Cortella (escritor e filósofo, fui seu aluno na GV), Bia Lessa (diretora de Teatro, fui dirigido por ela em uma peça do Ponto de Partida), Carlos Castelo Branco (jornalista falecido que tive a oportunidade de entrevistar), Pasquale Cipro Neto (assisti a algumas palestras dele), Maurício de Sousa (o pai da Mônica).

Músicos:
Elba Ramalho (um interessante papo sobre vitaminas, acreditam?), Vermelho (conterrâneo, membro do 14 Bis), Léo Jaime (entrevistei e perdi a fita), Gal Costa (entrevistei ao acaso em São João del Rei), Angelo Máximo (um bom bate papo recentemente na TV Bandeirantes), RPM (apresentei o grupo uma vez, em pleno auge), Yergi Shurbak (maestro da Sinfônica de Varsóvia, entrevistei), Jerry Adriani, Lenine, Carlos Dafé (apresentei um show dele), Picolino da Portela (apresentei seu show com suas mulatas, que nem abriam a boca, mas também pra quê?), Christian e Ralf (apresentei seu show), Bebeto (aquele que parecia o Jorge Benjor, apresentei um show dele), Simone (eu a vi num show em Barbacena, em 1979 , quando abandonou o palco alegando vaias que não ouvi), Nalva Aguiar (apresentei um show dela e quase roubei seu chapéu), Oswaldo Montenegro (viajei com o mesmo e assisti seu show no MPB-Shell), Guilherme Arantes, Lucinha Lins, Ivan Lins (não sei se devia colocá-los tão perto aqui, mas a memória é assim mesmo), Emílio Santiago, Nelson Ned, Wilson Simonal (que show, que suingue tinha esse sujeito), Jorge Benjor (muito bom), Baby do Brasil, Tunai (entrevistei), João Bosco (vi seu show), Jards Macalé, Zeca Pagodinho, Sérgio Reis (entrrevistei-o em pleno show, um cara mais do que simples e que show legal), Sidney Magal (no auge da carreira, ainda jovem, só não pedi pra rebolar, aí seria um abuso para minha paciência).

Atores e apresentadores:
Milton Gonçalves, Denis Carvalho, Lauro Corona, Nathália Timberg, Paulo Goulart e Nicete Bruno (conversei com eles em convenção da empresa), Raul Gil, Oswaldo Bettio (radialista da Record, frequenta a mesma academia que eu), Sílvio Santos, Chacrinha (esses lá longe), Nair Belo (viajei com ela na ponte aérea, uma simpatia), Maitê Proença (essa veio do meu lado e nem...), Ivete Sangalo (quando era ainda meio pobre e ainda viajava em avião de carreira), Fernanda Lima (pessoa simples, altos papos sobre seus meninos), Marcelo Costa (locutor e cantor sertanejo, apresentei um show dele, que arrependimento), Luiz Ayrão (apresentei um show dele e ele quase me empurrou palco abaixo), Luiz Gonzaga (esse só de longe), Paulo Storani (o inspirador do capitão Nascimento do BOPE, fiz uma foto com ele), Paulo Gracindo (já falecido, mas emprestei um gravador para sua peça na minha cidade, espero não emprestar mais nada, prefiro ficar vivo mesmo), Zora Yonara (sim, apresentadora de horóscopo), Belchior, Saulo Laranjeira (entrevistei), Derci Gonçalves (nossa, isso é uma confissão absurda de idade avançada, mas ela já era velha), Orival Pessini (o Fofão), Adriane Galisteu, Simony (quando menina ainda, no Balão Mágico).

NOTA: No dia em que entrevistei a Simony, na rádio em Barbacena, estava, no ônibus lá fora, o famoso assaltante do trem pagador da Inglaterra, Ronald Biggs, pai do Mike, um dos componentes do Balão. Minha timidez não permitiu falar com ele.

E ainda: Max Gehringer (agora é apresentador, conversei com ele na empresa), Heródoto Barbeiro (jornalista e professor, falei com ele em uma palestra, puxei saco levando seu livro para um autógrafo).

Esportistas:
Oscar, Bernardinho e Lars Grael (assisti suas palestras e arrisquei um papo), Hollyfied baiano (lutador de boxe), Túlio Maravilha (ex-Botafogo e Goiás), Falcão do Futsal (esse eu me arrisquei e tirei uma foto com ele, pois estava de ótimo humor, ele, não eu),  Nuno Cobra (meio esquisito, mas legal).

Que estranho, consegui me lembrar de quase todos os famosos que um dia vi de perto. Sinal de que, de uma forma ou de outra, a passagem deles perto de mim deixou algum tipo de marca.

Por isso digo que entendo a tietagem.

Todo mundo, de alguma maneira, tieta alguém, o que não me permite defender ataques histéricos e desmaios de meninas que se descabelam e passam fome para ver um menino quase impúbere chamado Justin. Fico com pena dos pais delas. É muita vergonha que dá., mas isso não é novo, os Beatles provocavam isso nas avós delas.

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